“Fantástico” destaca pesquisa que mostra a extensão do racismo no Brasil
As recentes injúrias raciais sofridas pela filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank serviram de pretexto para uma reportagem contundente, de quase nove minutos, no "Fantástico" neste domingo (03). "Vamos falar sobre racismo? Você é um dos 108 milhões de brasileiros que presenciaram uma cena de racismo no último ano?", perguntou a repórter Sonia Bridi logo na abertura do programa.
Diante do casal de atores e de outras duas famílias vítimas recentes de racismo, a jornalista observou: "A discussão ganha visibilidade quando uma criança negra, adotada por brancos famosos, é atacada na internet. Mas é rotina no Brasil".
Os depoimentos foram entremeados por números de uma pesquisa sobre o assunto, realizada pelo Instituto Locomotiva. "Só 9% dos brasileiros reconhecem já terem sido racistas, mas 71% dos negros foram vítimas ou presenciaram situações de racismo no último ano".
A reportagem não fez alusão ao caso que envolveu o jornalista William Waack, apresentador do "Jornal da Globo", afastado no início de novembro depois que um vídeo o mostrou fazendo comentários de cunho racista para um colega. "Tá buzinando por quê, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é… é preto. É preto!… Coisa de preto", diz Waack no vídeo, gravado em novembro de 2016 e divulgado um ano depois por Diego Rocha Pereira, então operador de VT da Globo, que se sentiu ofendido com os comentários.
Apesar de não citar o caso, dados da pesquisa apresentada por Sonia Bridi lembraram a situação. Segundo ela, "82% dos negros já ouviram alguma frase racista pelo menos uma vez na vida". E citou: "A mais repetida é 'o seu cabelo parece Bombril'. Mas o repertório é tristemente grande". E elencou os seguintes termos racistas citados pelos entrevistados: "Negro quando não c… na entrada, c… na saída", "seu macaco", "trabalho de preto", "volta pra África" e "volta pra senzala".
"Quando se chama alguém de macaco, você não está sendo engraçado, está sendo racista", observou Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, que tem entre os seus sócios o jornalista Marcelo Tas e o executivo Carlos Alberto Júlio.
A reportagem também buscou responder a quem minimiza as acusações de racismo. "Aquela expressão que eu acho odiosa, 'isso é mimimi', é uma total desqualificação daquilo que você está dizendo, que é sério e dói em você", disse um dos entrevistados, o educador André, pai de um menino que foi vítima de racismo. "Se você não quer acreditar no que estão dizendo, olhe os números", completou.
Veja também
Gagliasso chora ao falar de racismo contra a filha: "É agressivo, machuca"
Afastado, William Waack pede desculpas a quem se sentiu "ultrajado"
Não postei antes por medo de ser demitido, diz editor do vídeo com Waack
Comentários são sempre muito bem-vindos, mas o autor do blog publica apenas os que dizem respeito aos assuntos tratados nos textos.
Sobre o autor
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.