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Demitido do SBT, Moacyr Franco quebra tabu ao falar de salários da TV

Mauricio Stycer

23/11/2017 10h23

Moacyr Franco tem 81 anos. Está na TV há 58. Foi com impressionante franqueza e sobriedade que gravou um vídeo na tarde de quarta-feira (22) para revelar detalhes de sua demissão do SBT, depois de 20 anos na emissora. "Me considero um veterano com fôlego suficiente para continuar ainda trabalhando muito tempo", diz.

Em dois trechos diferentes, ele quebra um tabu e fala abertamente sobre o seu salário na televisão.

Primeiro, ele confirma que foi demitido "em nome da economia" que o SBT está fazendo. E observa: "Estranhei um pouquinho porque meu salário era tão insignificante". Em seguida conta: "Eu tive o salário reduzido há uns cinco, seis anos. Fiquei só com 30%. Concordei porque a gente tem que jogar junto a jogo. Embora haja boatos de apresentadores ganhando milhões e milhões… Isso é um problema deles e eu tenho que cuidar da minha vida e tentar melhorar o meu salário."

No segundo trecho, ele comenta: "E quanto ao salário, não tem nem como aceitar a brincadeira de que meu salário comprometia o salário dos colegas. Eu ganhava R$ 40 mil no SBT. Realmente é um salário de quem quer trabalhar de qualquer forma. Porque eu sou um autor e interpretava um tipo que colou, que estava na Praça desde aquela época.

É preciso entender a declaração de Moacyr Franco no seu contexto – o universo da televisão. Em outubro, quando entrevistei Ratinho, ele fez um comentário que ajuda a entender esta observação: "Antes, eu achava que ganhava muito. Eu não tinha ideia do que era televisão. A publicidade na TV é cara. Ela faz com que a gente ganhe bem. Hoje, acho justo", disse o apresentador.

Em outra passagem, com sinceridade, Moacyr Franco observa que estava sendo mal aproveitado pela emissora: "Brinquei na hora que me disseram que estava fora que eles me contrataram como chef e estavam me usando como lenha. Eu tava muito longe de tudo que eu podia fazer na casa."

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.