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Desafio de Apocalipse é provar que queda de O Rico e Lázaro foi acidente

Mauricio Stycer

21/11/2017 16h35

O público da Record está começando a se cansar de novelas bíblicas? Esta é, talvez, a questão mais importante que "Apocalipse" terá que responder nos próximos meses. A trama de Vivian de Oliveira, que estreia nesta terça-feira (21), tem a missão de mostrar que os números alcançados por "O Rico e Lázaro" foram um acidente de percurso e não representam uma tendência. Veja os números abaixo e note a queda abrupta registrada pela mais recente trama bíblica da emissora:

Média de audiência em São Paulo

"Os Dez Mandamentos" (23/3 a 23/11/2015) – 16,4 pontos
"Os Dez Mandamentos 2" (4/4 a 4/7/2016) – 15,6
"A Terra Prometida" (5/7/2016 a 13/3/2017) – 14,5 pontos
"O Rico e Lázaro" (13/3 a 20/11/2017) – 10,1 pontos

Média no Painel Nacional de Televisão
"Os Dez Mandamentos" (23/3 a 23/11/2015) – 15,4 pontos
"Os Dez Mandamentos 2" (4/4 a 4/7/2016) – 14.0
"A Terra Prometida" (5/7/2016 a 13/3/2017) – 14,2 pontos
"O Rico e Lázaro" (13/3 a 20/11/2017) – 11,0 pontos (sem os últimos dois capítulos)

Encerrada nesta segunda-feira (20), a novela escrita por Paula Richard, aparentemente, teve a sua audiência afetada por dois fatores "externos". O primeiro, a decisão da Record, junto com o SBT e a RedeTV!, de formar a Simba e romper com as principais operadoras de TV paga em São Paulo e Brasília.

O rompimento ocorreu no dia 30 de março, dia do 14º capítulo de "O Rico e Lázaro". Naquela quinta-feira, em São Paulo, a novela registrou 8,8 pontos, contra 12,6 da véspera. O curioso é que o acordo com a Simba, cinco meses depois, não ajudou muito. A trama registrou um pequeno crescimento, mas permaneceu com média em torno de 10 pontos, inclusive na reta final, agora em novembro.

O segundo ponto que pode ter afetado a audiência de "O Rico e Lázaro" foi o excelente desempenho de "A Força do Querer", na Globo. A novela de Gloria Perez alcançou o melhor resultado no horário desde 2013 e turbinou a audiência da emissora carioca.

A Record argumenta que, apesar da queda nacional de "O Rico e Lázaro", a sua novela garantiu a vice-liderança nos principais mercados ao longo de todo o período de exibição. É um dado importante, de fato. Assim como também é notável que a faixa segue como a principal audiência diária da emissora (eventualmente, perde para "A Fazenda").

Sob esta perspectiva geral, "Apocalipse" estreia em um cenário muito melhor. A Record está de volta ao cardápio de todas as operadoras e a principal novela da Globo, "O Outro Lado do Paraíso", está longe de alcançar os números da trama anterior. A verificar o que o Ibope dirá nas próximas semanas e meses.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

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