Na volta do “Bipolar Show”, Wagner Moura critica a “patrulha ideológica”
No espaço onde um dia funcionou o Cassino da Urca e depois a TV Tupi, Michel Melamed questiona Wagner Moura sobre o engajamento de artistas no momento atual do Brasil. O protagonista de "Narcos", conhecido por suas posições de esquerda, surpreende o apresentador e diz: "As pessoas têm que estar confortáveis. Se a gente está trabalhando pela democracia, pelo bem-estar dos outros, como é que a gente vai exigir que a pessoa faça algo que vai ser ruim pra ela?"
Moura não vê com bons olhos a pressão de artistas de esquerda para que todos se manifestem politicamente. "É a patrulha ideológica", critica. Também acha errado pressionar atores homossexuais para sair do armário. Ou cobrar posicionamento de figuras públicas em defesa de uma política mais liberal na questão do consumo de drogas.
O diálogo é um dos pontos altos da estreia da terceira temporada de "Bipolar Show", programa que Melamed criou, dirige, edita e apresenta no Canal Brasil. O episódio, já disponível no site do canal, vai ao ar nesta terça-feira (19), às 21h30.
Em meio às ruínas onde ocorre a entrevista, um rato não convidado é visto passando ao fundo. Melamed brinca com a situação. Moura não parece tão confortável, o que é compreensível. Já apresentador gosta justamente deste estranhamento. É parte do show.
Melamed improvisa, provoca e entrevista sem um roteiro pré-definido, na expectativa de registrar momentos originais, não estudados, dos seus convidados. O método funciona às vezes, mas também confunde. E em vários momentos resulta numa conversa caótica.
Moura, do nada, canta o hino do Vitória, seu clube do coração. Ambos bebem e fumam. Glauber Rocha é citado: "Na arte o mais importante não é talento, mas coragem".
O ator avança e conta que sua carreira foi pautada mais por "nãos" do que "sim" a convites. "Fui pautado pelo meu desejo e no que eu projeto para o artista que eu quero ser. Quero ser livre".
No segundo episódio, Melamed recebe Debora Falabella. Ela conta que já sofreu de depressão. "Você não sabe de onde vem". A conversa progride tensa e o apresentador conta que tomou um remédio. E diz: "É importante que os apresentadores de televisão confessem o que eles tomam. E por quê".
Em entrevista a "O Globo", Melamed explicou por que decidiu gravar o "Bipolar Show" numa ruína: "A escolha desse lugar tem tudo a ver com o momento pelo qual o país passa. Aquele local já foi a maior casa de shows da América Latina e hoje está em ruínas. Sintetiza bem o Brasil, que tem um potencial enorme e está nessa crise absurda".
Como nas duas temporadas anteriores, o poeta, diretor teatral, autor e ator parece determinado a dar nova cara ao formato do talk show. A inciativa é elogiável e é bom que encontre um espaço para ser vista. "Porque um foda-se vale mais que mil palavras", diz ele na abertura do programa de estreia.
Sobre o autor
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.