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Três depoimentos: Eles superaram o BBB, mas o BBB não saiu de dentro deles

Mauricio Stycer

15/08/2017 05h01

Poucos programas parecem ter a capacidade de deixar marcas tão fortes em seus participantes quanto o "Big Brother Brasil". A toda hora aparece gente para falar de traumas ou experiências ruins causadas pelo reality show.

Neste início de agosto, três depoimentos me chamaram a atenção – de Fernando Fernandes ("BBB2"), Grazi Massefara ("BBB5") e Mayra Cardi ("BBB9"). Os três conseguiram construir trajetórias próprias, sem relação com o programa, mas mostram que o "BBB" não saiu de dentro deles.

Fernando Fernandes: No recém-lançado "Inquebrável", livro em que passa em revista a sua vida, em especial como se reinventou depois de perder os movimentos das pernas, o "BBB" é tema de dois capítulos curtos. No primeiro, ele fala da sua rápida participação (foi o terceiro eliminado) e observa: "As pessoas não tinham a menor noção do que estava acontecendo nem tinham ideia das consequências".

O mais impressionante é o capítulo seguinte, intitulado "Sobrevivendo à Fama". Fernandes fala de como, deixando-se levar por um empresário, se aventurou na carreira artística mesmo sem ter a menor vocação para tal. Virou celebridade, alvo de paparazzi, e se excedeu na bebida. "Enchia a cara, não queria nem saber. Eu estava revoltado, queria que tudo explodisse", diz no livro, escrito em parceria com o jornalista Pablo Miyazawa. "Por conta disso, obviamente, fiz besteira para caramba. Foi uma fase nebulosa, da qual tenho poucas lembranças claras".

Grazi Massafera: Capa da edição de agosto da "Claudia", a atriz fala sobre como o reality impactou a percepção que seus colegas de trabalho tinham dela. Foram nove anos, diz, até gostar de ser atriz. "Por ser uma ex-BBB, alguns grandes nomes da televisão se recusavam a contracenar comigo. Teve ator que preferiu interpretar falas olhando para a parede", afirma.

Ela também diz à revista: "Confesso: demorei a encontrar motivação". Mas, movida pela necessidade, foi em frente: "Não teve estímulo melhor; em vez de desistir, fiquei tentada a fazer a carreira dar certo".

Mayra Cardi: Em entrevista na última semana ao "Programa do Porchat", na Record, ela foi direto ao ponto: "É um rótulo eterno. Ninguém tem coragem de falar, eu falo: não foi bom fazer o 'BBB'."

A leitura da entrevista de Grazzi à "Claudia" chamou a atenção de Mayra. "Eu não imaginei que o preconceito era gigante. É como se fosse uma pessoa leprosa", disse a Porchat.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.