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Record confinou em A Casa candidata que tentou suicídio após outro reality

Mauricio Stycer

07/07/2017 11h01


Com regras muito rígidas e situações de desconforto permanentes, o reality "A Casa" é um teste de resistência não apenas físico como psicológico. Por esta razão, o blog tem recebido muitas notícias e informações sobre reações extremas de participantes.

No início da semana, publiquei a história de um candidato que, após ser eliminado por um problema de saúde, teve o que foi descrito como um ataque. Ele quebrou coisas e ameaçou se matar, o que levou a produção da Record a chamar a polícia para resolver a situação.

Agora, chega a história de uma candidata que, em 2015, já havia participado de um outro reality show – um programa em que os participantes confinados buscam encontrar o par perfeito.

No início de 2016, esta participante relatou em seu perfil em uma rede social que, sofrendo de depressão, foi internada após uma tentativa de suicídio. Ficou cerca de um mês no hospital.

A depressão, ela conta, foi causada pela repercussão negativa de sua participação no programa. Não gostou das críticas que leu em suas redes sociais nem de alguns conflitos que viveu no reality.

Ela diz que a sua recuperação, com o auxílio de um psiquiatra, foi muito rápida. Ainda toma antidepressivos, mas afirma que o profissional, consultado, não se opôs a que ela participasse de "A Casa".

No processo de seleção, foi entrevistada por uma psicóloga da Record, mas não revelou o seu histórico. Segundo ela me contou, fez isso por escolha própria. Queria se provar, verificar se estava realmente bem.

Depois de 21 dias confinada, ela pediu para sair. Disse que se cansou dos participantes e entendeu que prosseguir em "A Casa" poderia não ser saudável. Mas avalia que o primeiro reality foi ainda mais pesado.

Conversei bastante com a participante, que é modelo e jornalista. Perguntei mais de uma vez se ela tinha certeza de que queria tornar pública a sua história. Ela não se opôs – nem a contar detalhes, nem a revelar seu nome. Eu é que optei por omiti-lo. Acho que é uma exposição excessiva de uma situação privada.

Só resolvi tratar do assunto porque o caso mostra que a seleção de candidatos para participar de reality shows não é das mais rigorosas.

Questionada, a Record respondeu: "Desconhecemos fatos médicos ou qualquer coisa mais grave em relação a ela, que também não falou desse histórico. Estava bem e em condições de entrar no programa. Ela não teve problemas lá dentro e saiu pelo jogo".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.