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Hércules ensina como virar vilão de repente: fingir ser imbecil por 20 anos

Mauricio Stycer

23/03/2017 04h01


Depois de cometer uma dúzia de crimes graves, Magnólia (Vera Holtz) foi finalmente desmascarada e presa no capítulo de segunda-feira (20) de "A Lei do Amor". A novela bateu recorde de audiência neste dia, mas ficou com um vazio: quem vai cometer maldades nas últimas semanas?

Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari tiraram da cartola Hércules (Danilo Granghéia), um personagem meio obscuro, filho de Magnólia e Fausto (Tarcísio Meira), pai de três filhos, casado pela segunda vez com Luciane (Grazi Massafera).

Por cerca de 140 capítulos, ele foi um completo imbecil. Pai ausente, dependente da mulher para sexo, capacho da mãe e sem nenhuma ocupação, foi colocado pela família na função de vice-prefeito de São Dimas.

Um dia depois da prisão de Magnólia, no capítulo de terça-feira (21), fomos informados que o engenhoso golpe que pode levar ao impeachment de Salete (Claudia Raia), a prefeita da cidade, foi tramado justamente por Hércules.

Como aquele idiota foi capaz disso? No capítulo desta quarta-feira (22), ele próprio explicou: "Esse é o lado bom de todo mundo pensar que eu sou um imbecil. Tive 20 anos pra juntar meu patrimônio sem ninguém jamais desconfiar".

Quem assiste e gosta de novela está acostumado com reviravoltas no caráter e no perfil de personagens. Mas "A Lei do Amor", por conta das muitas mudanças que sofreu, está exagerando. No prólogo da novela, quando era jovem, Hércules tratava mal a primeira mulher porque ela era muito recatada na cama, mas nada fazia suspeitar que iria fingir por 20 anos que era um imbecil.

Não é o único caso na trama. Antonio (Pierre Baitelli), um dos personagens mais divertidos da história, libertário e iconoclasta, virou um chato, apaixonado pela amiga de infância, Leticia (Isabella Santoni). Já Jessica (Marcella Rica), uma bandidinha que se envolveu com traficante e prostituição, está agora quase uma beata. E a moderna Flavia (Maria Flor), DJ moderninha, mas que se orienta por previsões da vidente Mileide (Heloisa Perisse), passou a namorar o machista Misael (Tuca Andrade).

Mas Hércules, de longe, é a maior vítima da STRP – a Síndrome da Transformação Radical de Personagens. Coitado.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.