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"A TV fica melhor quando contempla a diversidade”, diz Lázaro Ramos

Mauricio Stycer

22/03/2017 04h02

Quem conhece Lázaro Ramos apenas como ator vai se surpreender ao vê-lo diante de José Maria Beltrame, ex-secretário de Segurança do Rio, querendo saber: "O PCC está no Rio?" "Está", responde o idealizador das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora).

O diálogo é um dos pontos altos da entrevista que marca a estreia da nova temporada de "Espelho", o programa que Lázaro apresenta no Canal Brasil. No ar desde 2005, é o mais longevo do gênero hoje na TV brasileira. E a partir deste ano, em que as entrevistas vão ficar disponíveis também para não-assinantes do canal, poderá se tornar bem mais popular do que já é.

"Espelho" nasceu da vontade de Lázaro discutir questões relacionadas à autoestima negra. Mas cresceu e ampliou o seu leque de assuntos e preocupações. Entre os 26 entrevistados desta 12ª temporada, estão Leandra Leal, Ciro Gomes, Marcius Melhem, Agnaldo Rayol, Liniker, Mart´nália e Dira Paes. O programa estréia na próxima segunda-feira (27), às 21h30.

Em abril, na Globo, Lázaro volta a ser visto também em um outro projeto pelo qual tem muito carinho, a série "Mister Brau", atuando ao lado da mulher, Tais Araújo. É a terceira temporada de um programa que o diário inglês "The Guardian" considerou "sem precedentes" por apresentar um casal negro e rico como protagonista. "A TV fica melhor quando consegue contemplar a diversidade", diz ele, em entrevista ao UOL.

Na conversa, gravada na Globosat, em São Paulo, Lázaro fala sobre o seu esforço em afirmar a identidade negra e lidar com as reações, às vezes ofensivas, que recebe. "Tem algumas agressividades que ferem, que machucam, entristecem e dá vontade de parar e desistir. Procuro usar estas agressões para estabelecer diálogo", observa, dizendo-se influenciado pelas leituras que faz de Martin Luther King Jr. (1929-1968), um dos mais importantes ativistas pelos direitos civis americanos.

O ator fala, ainda, sobre a nova temporada do "Espelho", lembra da famosa entrevista com o músico Criolo, que virou meme, revela detalhes da nova temporada de "Mister Brau", diz se voltará a atuar em novelas, conta quais são as suas séries favoritas e confessa estar viciado em "Game of Thrones". Veja abaixo.

"Uso as agressões para estabelecer diálogo"

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.