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Troféu Sinceridade: “Na Record tem um monte de coisa que não presta”

Mauricio Stycer

20/02/2017 01h58


Exibido toda madrugada pela Record, o "Fala que Eu Te Escuto" é um programa de aconselhamento religioso sobre problemas do cotidiano. Também é um veículo para a difusão de ideias, críticas e ataques da Igreja Universal (cujo fundador, Edir Macedo, é proprietário da emissora) aos seus adversários e supostos "inimigos".

Com apresentação do bispo Marcio Carotti, o tema do programa deste último sábado (18) era "Fracassos e problemas financeiros". Sem explicar a razão, a certa altura o apresentador leu uma mensagem que disse ter recebido pelas redes sociais com críticas à programação da Record.

Lida por Carotti, a mensagem dizia: "Às vezes fico tentando entender como vocês podem passar desgraça o dia inteiro na emissora, contaminando a todo momento com cargas negativas, revolta, desgostos, tristeza, e no final do dia passar um programa que tenta ajudar as pessoas? Alguém me explica isso?"

O bispo interrompeu a leitura para dizer: "Eu vou explicar pra você". E continuou a ler: "Aprendi a educar a minha família a ligar a televisão apenas com programas bons de assistir, como 'A Terra Prometida', e alguns outros da Record. Porque se deixar a TV ligada o dia todo, dá a impressão que o mundo está uma desgraça, com tristezas, mortes, a todo momento. Revoltas… Sei lá, é a minha opinião".

Carotti, então, disse: "Eu respeito a sua opinião. E você falou a verdade mesmo. Você não mentiu em nada aqui. Um monte de desgraça que passa na Record. É o dia inteiro passando desgraça. Agora, é só você não assistir. É só você não ver. E não é só na Record, não. Qualquer canal passa desgraça o dia inteiro. Desgraça dá audiência. E audiência é um outro assunto. Agora, o fato de passar um monte de desgraça na Record o dia inteiro não significa que a nossa intenção aqui de querer ajudar as pessoas não seja boa. Eu concordo com você. Você não deve mesmo ligar, não deve assistir."

O bispo explicou que no momento não tem assistido nada porque está cumprindo um período de jejum de 21 dias, chamado "Jejum de Daniel", que inclui manter a televisão desligada. Mas voltou à mensagem do leitor para acrescentar: "Não deixa a sua família assistir ao que não presta. E na Record tem um monte de coisa que não presta. Eu não assisto. E aconselho você a não assistir também não. Assiste o que é bom."

A qualidade do vídeo não é boa, mas pode ser visto e ouvido aqui.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.