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Em seus planos de expansão global, Netflix não descarta fazer nem novelas

Mauricio Stycer

07/02/2017 13h03

reedhastings
Em seu encontro com jornalistas brasileiros nesta terça-feira (07), quando anunciou a decisão de produzir uma segunda série no Brasil, a comédia "Samantha!", o CEO da Netflix, Reed Hastings, falou também sobre outros planos da empresa e sobre como enxerga a concorrência.

Questionado se tem planos de fazer telenovelas, o executivo deixou uma janela aberta ao responder: "Não estamos habituados a isso. Obviamente, a Globo é boa nisso. Tentamos fazer coisas novas, mas se virmos um programa com uma visão nova, original, estaremos abertos a ele", respondeu. "Mas buscamos originalidade, e não copiar o que outras grandes empresas fazem".

Um bom exemplo de "visão nova, original" sobre telenovelas é a produção "Jane, the Virgin", que integra o catálogo da Netflix.

Hastings voltou a enfatizar a importância do mercado brasileiro para a empresa: "Em 2012, quando decidimos começar a expansão global, decidimos que deveríamos começar pela América Latina e Brasil, e não pela Europa. Foi uma decisão polêmica, na época. Porque a maioria das empresas americanas vai para Europa primeiro. Mas enxergamos algo na América Latina, que era uma fome por entretenimento."

Sobre o foco de atuação da empresa, repetiu: "Queremos ser os melhores do mundo em filmes e séries de TV. Não fazemos jornalismo nem esportes, e outros tipos de programa. Quero desenvolver programação em diferentes países. Estamos com séries em produção no Japão, no México, na Europa e nos EUA. A ideia é compartilhar o melhor conteúdo com o mundo."

Hastings também dissertou sobre a sua visão de que o consumo de televisão pela internet é um caminho irreversível: "A TV pela internet é um pouco como o telefone celular. O telefone fixo, quando surgiu, foi um milagre. Mas quando o celular começou, é tão melhor que o fixo… Estamos no início disso com a TV pela internet. Vai continuar a crescer, com várias empresas, não só Netflix, pelos próximos 20 anos. E os seus filhos e netos, daqui a alguns anos, vão perguntar: 'o que significa dizer que este programa vai ser exibido às 20h?' Vai parecer uma loucura para eles."

E prosseguiu: "As pessoas querem escolher o que ver, quando e onde, assim como fazem com música. E livros. Quando você pega um bom livro e não consegue ler só um capítulo e vai lendo sem parar, noite adentro… é o 'binge-view' original. A Netflix só trouxe isso para o universo das séries de TV."

"Até cinco anos atrás, quanto dinheiro seria necessário para lançar uma rede de televisão? Centenas de milhões… Quanto custa hoje? Basta uma pessoa. Você pode construir uma rede de TV com um aplicativo para Android. Você pode criar um canal no You Tube… É a chance de milhões de vozes que não tínhamos a chance de conhecer", disse Hastings.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.