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Sensitiva resolve maior mistério de “Sol Nascente” e faz o público de bobo

Mauricio Stycer

30/01/2017 04h01

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Carente de uma boa história, "Sol Nascente" se escorou em um único pilar durante mais de 100 capítulos – as armações do vilão César (Rafael Cardoso) para prejudicar Alice (Giovanna Antonelli), a empresa Arraial Pescados e o relacionamento amoroso da jovem executiva com Mario (Bruno Gagliasso).

Desde o início, quanto mais Mario levantava suspeitas sobre César, mais Alice se deixava encantar pelo vilão. Enquanto ele acusava César de estar ligado à explosão dos barcos da empresa, ela respondia que o amado estava agindo movido por ciúmes. O casal brigou e se separou dezenas de vezes por causa de Cesar.

No capítulo de sexta-feira (27), quando a polícia encontrou em seu escritório documentos suspeitos, Alice entendeu pela primeira vez que César estava agindo para prejudicá-la. Mas ela continuava a duvidar que o vilão poderia ter algum envolvimento no incêndio no cais.

solnascentechicaAté que, no capítulo de sábado (28), finalmente, Alice se convenceu que César foi o responsável pela explosão. Como? Com a ajuda de uma clássica muleta em novelas – a sensitiva.

A caiçara Chica (Tatiana Tibúrcio) vem tendo visões sobre personagens variados desde o início da novela, mas só agora ela viu o que aconteceu no cais de Arraial. Enquanto se arrumava para o seu casamento, ela teve a visão:

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: Foi o César, Alice, foi o César que explodiu tudo.
Alice: O César? O César explodiu os barcos? Você viu isso?
Chica: Eu vi. Eu vi claro como nunca. Nítido. Foi ele, Alice. Foi o César que cometeu essa atrocidade.
Alice: Você tem certeza do que você está dizendo? O Mario estava certo esse tempo todo? Você tem certeza que você viu isso?
Chica: Eu tenho certeza do que estou falando. Mas é uma visão, não serve como prova.
Alice: Desgraçado! Desgraçado!

Em resumo, em uma cena a sensitiva fez mais por Alice do que Mario na novela inteira.

E assim, todos os espectadores que passaram mais de uma centena de capítulos se irritando com a ingenuidade da protagonista, com os seus erros de julgamento, com a forma como tratava o seu amado, tiveram que se contentar com esta solução preguiçosa para o caso. Uma lástima.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.