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“Fofocando” muda de nome, mas continua quase o mesmo: leve e sem graça

Mauricio Stycer

23/01/2017 15h59

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O anúncio da estreia de um programa chamado "Fofocalizando" despertou a expectativa de ver alguma coisa original na tela do SBT. Afinal, não é todo dia que uma atração adota no título uma palavra que não existe na língua portuguesa. Não foi o que se viu, porém, na tarde desta segunda-feira (23).

O neologismo do título sugeria que "Fofocalizando" iria tratar de fofocas e, também, "focalizar". Mas no quê? Na estreia, o programa não se concentrou em nenhum assunto, propriamente, mas mencionou superficialmente temas pouco usuais numa "revista vespertina" – a campanha do prefeito de São Paulo, João Dória, contra as pichações e o futuro da operação Lava Jato depois da morte do ministro Teori Zavascki.

Para "focalizar" nestes temas mais espinhosos, Silvio Santos convocou o veterano Decio Piccinini, que mostrou ter tanto a acrescentar quanto Mara Maravilha, Mamma Bruschetta e Leão Lobo, os demais integrantes da equipe em São Paulo. Ou seja, quase nada. Como óvnis (objetos voadores não identificados), estes assuntos surgiram e desapareceram sem deixar traço.

Outra pequena diferença em relação ao finado "Fofocando", que ficou no ar por menos de seis meses e trocou de horário oito vezes, foi o cenário, agora em tom azulado. Leo Dias, o único que traz informações novas, segue do Rio, disputando espaço com os demais integrantes.

Nem mesmo algum barraco ou constrangimento entre os participantes aconteceu na estreia. "Não estou aqui para fazer o papel de cobra. Aqui a gente pisa na cobra", informou Mara.

No Twitter houve quem festejasse a saída do "homem do saco", personagem interpretado por Dudu Camargo na primeira versão do programa. Acho que o rapaz não fazia a menor diferença, logo, a sua saída também não fez.

Como ocorre em todos os programas do gênero, "Fofocalizando" falou bastante de artistas de emissoras concorrentes, mas nada do próprio SBT. O apresentador Marcão, demitido da Record, Deborah Secco e as apresentadoras Patrícia Poeta e Ana Furtado, da Globo, foram tema de comentários e fofocas.

"Fofoca, informação, entretenimento e muita diversão", anunciou Leão Lobo na abertura do novo velho programa. Acho que faltou quase tudo do que foi prometido.

Em tempo: Segundo dados prévios do Ibope, divulgados pelo site Na Telinha, "Fofocalizando" ficou em terceiro lugar, com média de 7 pontos, atrás da Globo, que marcou 10,1 e da Record, que registrou média de 8,4. Esses números podem sofrer alteração quando o Ibope divulgar os dados consolidados na manhã de terça-feira (23),.

Programas de fofocas só não fazem fofoca sobre artistas da própria emissora

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.