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Cobertura da tragédia: da emoção do repórter à homenagem forçada de Leifert

Mauricio Stycer

02/12/2016 00h05

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Depois de dois dias intensos, em que o assunto ocupou todos os programas possíveis, a cobertura da Globo sobre o acidente com a avião da Chapecoense seguiu forte nesta quinta-feira (01).

Os altos índices de audiência não apenas nos noticiários, mas em atrações variadas (Fátima Bernardes, novelas e até o "Video Show"), mostram que o interesse é grande e as pessoas estão grudadas na TV.

Emoção não tem faltado, como não poderia deixar de ser diante de um fato tão dramático, mas escorregadas também têm ocorrido. Nesta quinta, a cobertura da Globo teve dois momentos extremos.

aripeixotochapecoenseDe um lado, foi impossível não se comover com o repórter Ari Peixoto, que chorou durante uma entrada ao vivo no "Jornal Hoje", em meio ao relato que fazia sobre a liberação dos corpos das vítimas pelo IML colombiano.

No momento em que ia dizer o nome de um colega de trabalho, Peixoto não conseguiu segurar a emoção e pediu desculpas. Muito rápido e preciso, Evaristo Costa intercedeu: "Imagina, Ari, não precisa pedir desculpas por isso. A gente entende essa emoção, é a mesma emoção de todos nós, funcionários da TV Globo, que perdemos um colega."

No outro extremo, sobrou ensaio e faltou espontaneidade no comentário de Tiago Leifert ao abrir o "The Voice Brasil" à noite, ao vivo. "O programa de hoje é The Voice Chapecó. Nossos quatro times são, sem dúvida nenhuma, Chapecoense".

Em meio a tanta emoção autêntica, a bajulação de Leifert saltou aos olhos, por contraste. Foi deslocada, gratuita, forçada. Tentando ser simpático com os espectadores, o apresentador passou a impressão que queria, na verdade, faturar com a menção ao assunto.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.