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Com “teledramaturgia fofa”, “Carinha de Anjo” atrai mais público adulto

Mauricio Stycer

28/11/2016 06h01

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O projeto de teledramaturgia infantil do SBT, iniciado em 2012 com "Carrossel", mostrou a existência de um nicho importante na TV aberta brasileira – o público adulto interessado em histórias protagonizadas por crianças.

Números do Ibope divulgados pela emissora indicam que 60% da audiência da novela adaptada por Iris Abravanel era formado por adultos. Com "Chiquititas" (2013), o índice subiu para 61%. E com "Cúmplices de um Resgate" (2015), que está na reta final, os adultos representam 63% da audiência.

A estreia de "Carinha de Anjo" na última segunda-feira (21) introduz uma novidade nesta estratégia do SBT. Assim como na versão original mexicana, a adaptação escrita por Leonor Corrêa investe em um gênero menos explorado, a "teledramaturgia fofa".

carinhadeanjocriancasDo que se trata? De explorar ao máximo a graça, a doçura e a espontaneidade de um elenco formado por crianças muito pequenas e bonitinhas. A protagonista da história é uma menina de 5 anos, Dulce Maria, vivida por uma atriz com a mesma idade, Lorena Queiroz.

Órfã de mãe, a personagem vive num colégio de freiras, cercada por coleguinhas igualmente fofas. Toda noite, Dulce sonha com a mãe, Teresa (Lucero), morta num acidente de avião, que aparece para a filha como um ser radiante e solar.

carinhadeanjobiaarantesA menina é mimada por irmã Cecília (Bia Arantes), uma noviça de 19 anos, que está sempre com um sorriso lindo no rosto. A jovem vai se apaixonar pelo pai de Dulce, o jovem viúvo Gustavo (Carlos Porto). Há ainda uma noviça rebelde, a irmã Fabiana (Karin Hils), que ensina as menininhas do colégio a cantar.

Tudo é fofo na novela – até demais. Uma prima de Dulce, Estefânia (Priscila Sol), é chamada de Tia Perucas, porque a cada dia usa uma de cor diferente – azul, rosa etc. Já adolescente, Maisa Silva vive Juju Almeida, uma divertida vlogueira.

carinhadeanjoelencoadultoAs vilãs da história são Nicole Escobar (Dani Gondim), uma modelo linda, que é namorada do pai de Dulce, e Haydee (Clarice Niskier), mãe dela. Nicole está interessada no status e dinheiro que vai alcançar se conseguir se casar com Gustavo.

Os números de audiência da primeira semana foram muito bons – 2 pontos acima da média que o SBT vinha conseguindo no horário. Os primeiros quatro capítulos registraram média de 13,6 pontos em São Paulo.

O SBT tem três explicações para estes números. Primeiro, a novela está indo ao ar emendada em "Cúmplices de um Resgate", que pega do "SBT Brasil" com 7 pontos e entrega com 13. Esta "muleta" será usada até 13 de dezembro, quando for exibido o último capítulo de "Cúmplices".

Segundo, o novo folhetim está sendo exibido sem intervalos comerciais, uma estratégia que, naturalmente, ajuda a turbinar o Ibope. O SBT ainda pretende usar esta arma nos próximos capítulos.

Por fim, a emissora acredita que "Carinha de Anjo" está atraindo mais adultos por conta justamente do seu conteúdo "fofo" – mais donas de casa, avôs e avós estão vendo a novela.

Este bom resultado inicial não surpreendeu o SBT. A versão original de "Carinha de Anjo", exibida entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, é a segunda melhor média de audiência de uma novela mexicana do SBT, com 17 pontos. Em primeiro lugar, empatadas com média de 19 pontos, estão "Simplesmente Maria" e "A Usurpadora".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.