Topo

Após errar com "Escrava Mãe", Record prega “pés no chão” e elogia a Globo

Mauricio Stycer

20/05/2016 18h01

A trajetória atribulada de "Escrava Mãe", adiada quatro vezes nos últimos meses, serviu de pretexto para algo inédito na história recente da Record: um discurso humilde do seu principal executivo, Marcelo Silva, com palavras de elogio à Globo e "pés no chão" em relação à própria emissora.

O vice-presidente artístico da Record falou a um grupo de jornalistas na tarde desta sexta-feira (20), antes de exibir trechos do primeiro capítulo da novela, cuja estreia está marcada para o próximo dia 31.

"Escrava Mãe", inicialmente, iria suceder "Os Dez Mandamentos", em novembro de 2015. Chamadas chegaram a ser exibidas. Mas o sucesso da história de Moisés levou a emissora a decidir pelo estabelecimento do horário das 20h30 como exclusivo de novelas bíblicas.

Em março deste ano, a emissora decidiu que a novela iria inaugurar um novo horário, às 19h30, a partir do dia 26 de abril. Depois a data mudou para 16 de maio. Mas como a Globo decidiu esticar "Totalmente Demais" até 27 de maio, a Record alterou a estreia da sua para 30 de maio.

Há uma semana, a Globo deu mais dois capítulos para "Totalmente Demais" e anunciou a estreia de "Haja Coração" para uma terça-feira, 31 de maio. A Record mudou, então, pela quarta vez a data da estreia de "Escrava Mãe".

"Ninguém podia imaginar que a novela da outra emissora ia fazer esse sucesso extraordinário. É uma história simples, muito bem construída. Parabéns", disse Marcelo Silva. "A emissora lá, inteligente, decidiu adiar a novela. Decidimos adiar a nossa também", continuou.

Bem-humorado, Silva comentou sobre os rumores de que a Globo exibirá o primeiro capítulo de "Haja Coração" sem intervalos comerciais. "Não podemos imitar. Nós já fazemos isso".

Ainda justificando as muitas mudanças na data de estreia, acrescentou: "As empresas têm que ser inteligentes. As emoções têm que dar lugar ao raciocínio. Esse foi o motivo de todos os adiamentos".

Marcelo Silva também comentou as reclamações de atores sobre o adiamento. Jussara Freire, por exemplo, disse que perdeu um papel em "Velho Chico" por que a Record manteve "Escrava Mãe" na gaveta.

"Não sei quem reclamou", disse o executivo. Sentada na primeira fila, a atriz Milena Toscano se apressou em gritar: "Pode ter certeza que não fui eu que reclamei". Informado que foi Jussara Freire, Silva fez piada: "Ainda bem que perdeu 'Velho Chico'."

Finalmente, ao falar da audiência que espera alcançar com "Escrava Mãe", Silva repetiu várias vezes que a emissora não tem meta. Disse que a média no horário, no PNT (Painel Nacional de Televisão), é de 8,7 pontos. "Nunca falei em meta de 15 pontos. Se der 15 vou soltar rojões".

O executivo disse ainda que "errar faz parte" e pregou: "Vamos colocar os pés no chão".

Veja também
Em decisão rara, Globo termina "Totalmente Demais" em uma segunda
Vice-presidente da Record elogia "Totalmente Demais": História bem contada

Siga o blog no Facebook e no Twitter.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.