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Jô se justifica por entrevista com Dilma e defende sua “imparcialidade”

Mauricio Stycer

29/03/2016 02h35

Na estreia da última temporada do "Programa do Jô", o apresentador fez um discurso de abertura incomum, no qual procurou se justificar por uma das entrevistas mais questionadas de sua carreira, com a presidente Dilma Rousseff, realizada em junho de 2015.

JoDilma"Sempre tive liberdade para demonstrar todas as tendências políticas. Nunca deixei de entrevistar um presidente deste ou daquele partido. Quando entrevistei a Dilma me chamaram de petista. Quando entrevistei o Fernando Henrique virei PSDB. Então eu sou 'coxista', metade coxinha, metade petista", disse. "Lula veio ao programa 13 vezes, Fernando Henrique dez vezes. Acho que essa é a maior prova de imparcialidade", acrescentou.

O apresentador lembrou que ao longo de 28 anos, entre "Jô Soares Onze e Meia", no SBT, e "Programa do Jô", na Globo, realizou 14.138 entrevistas. Emocionado, disse:

"Posso dizer que o programa foi, durante todo esse tempo que esteve no ar, um palco onde se discutiu a diversidade política, científica e cultural do nosso país e, muitas vezes, do mundo. Pelo sofá passaram seis prêmios Nobel. Mas, para mim, o mais importante, foi a descoberta de alguns artistas e conversar com alguns dos grandes agentes anônimos do povo brasileiro – aqueles personagens que sempre me emocionam, que fazem você rir, fazem você chorar, porque você se identifica e se emociona."

Ao receber Marina Silva para uma ótima entrevista, Jô mostrou que continua relevante. A ex-candidata à Presidência em 2010 e 2014 tem falado pouco sobre a crise política e, pressionada pelo entrevistador, se viu obrigada a manifestar de forma mais clara suas posições.

Marina defende que a chapa Dilma-Temer seja impugnada pelo TSE, caso sejam comprovadas ilegalidades nas contas da campanha, e que novas eleições sejam convocadas. Jô recebeu, ainda, o jurista Ives Gandra Martins, favorável ao impeachment da presidente Dilma.

O apresentador deu a entender que pretende, como fez à época da crise política do governo Collor, entre 1991 e 92, transformar a última temporada do seu programa em palco de debates sobre a situação política do país.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.