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A vergonha da noite: Gloria Pires comenta o Oscar sem ter visto os filmes

Mauricio Stycer

29/02/2016 01h16

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Sem José Wilker (1944-2014), a Globo ainda não encontrou um nome de peso em seu elenco para comentar o Oscar. Em 2015, Lázaro Ramos foi escalado para fazer companhia aos jornalistas Artur Xexéo e Maria Beltrão. Este ano a missão coube a Gloria Pires.

A escalação da atriz se revelou um desastre. Gloria mostrou não ter maior cultura cinematográfica e, pior, a menor disposição para comentar os filmes e prêmios. "Achei interessante", disse sobre um Oscar para "Mad Max". "Curti, sim. Foi merecido", falou sobre outro. "Bacana", sintetizou.

Se os espectadores estavam com a impressão de que a atriz não viu vários filmes em disputa, a dúvida logo foi esclarecida. Assim que o Oscar de melhor filme de animação foi anunciado, Maria Beltrão perguntou: "Gloria, você gostou de 'Divertida Mente'?" E a atriz, sem titubear, respondeu: "Não assisti".

O diálogo lembrou um esquete do humorístico "Tá no Ar", o quadro "Papo Chato", no qual uma apresentadora tenta extrair alguma informação de entrevistados sem nada para dizer.

Educada e solícita, Maria Beltrão fez várias tentativas de envolver Gloria Pires nas conversas. Quase sempre sem sucesso: "Você acha que Lady Gaga leva essa?", quis saber sobre o Oscar de canção original. "Não sou capaz de opinar", respondeu a atriz, com estonteante sinceridade. "O que achou do Oscar a 'O Filho de Saul'?" "Não assisti".

A apresentadora quis saber qual filme a atriz considerava favorito ao Oscar principal. "Sou ruim de previsões", disse Gloria, antes de dar um palpite. "Gosto muito de 'Trumbo'." Ao que Maria Beltrão lembrou: "Não está indicado a melhor filme".

A performance de Gloria Pires fez a alegria das redes sociais. O nome da atriz foi o mais mencionado no Twitter durante a transmissão da Globo e ela ganhou os mais variados memes, com piadas sobre o seu desempenho (como o publicado no alto deste texto).

Bem informados, Xexéo e Maria Beltrão seguraram a transmissão. O Oscar 2016 na Globo, porém, será lembrado mesmo pela participação inusitada de uma comentarista que não conseguiu mostrar nem interesse nem conhecimento algum sobre o assunto em questão. Uma vergonha.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.