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Rumo de Lara em “A Regra do Jogo” expõe divergência entre autor e diretor

Mauricio Stycer

03/02/2016 05h01

regradojogolaraAguardada com enorme expectativa, ainda mais depois do insucesso de "Babilônia", a nova novela de João Emanuel Carneiro, exibida a partir de 31 de agosto de 2015, começou com resultados abaixo do esperado. Por este motivo, "A Regra do Jogo" não seguiu exatamente o que previa a sua sinopse.

Por sugestão (ou intervenção) de Silvio de Abreu, diretor de Teledramaturgia da Globo, em pelo menos dois casos a trama foi modificada. Como revelou o site Noticias da TV em outubro, uma das alterações, pouco importante, foi no perfil de Ninfa (Roberta Rodrigues), que teve o seu apetite sexual atenuado.

regradojogolaraorlandoJá a outra, bem mais séria, envolveu a história de Orlando (Du Moscovis), pensado inicialmente como um personagem gay, enrustido. A mudança no rumo do vilão obrigou João Emanuel a criar a personagem Lara (Carolina Dieckmann).

Abandonada numa cidadezinha do interior, ela pensava que Bira (seu nome verdadeiro) havia morrido. Ao ver uma foto do marido no jornal, Lara vai ao Rio à sua procura, criando uma série de problemas para ele. A certa altura, ela acaba se envolvendo com Dante (Marco Pigossi), o policial que investiga justamente Orlando.

regradojogolaradante2João Emanuel nunca escondeu o desagrado com esta intervenção. Criou Lara a contragosto e, depois da morte de Orlando, no início da janeiro, rapidamente sumiu com a personagem. Isso explica porque, como escreveu Flavio Ricco nesta terça-feira (02), a volta de Carolina Dieckmann no final da novela "por pouco não acontece".

Questionado na época da mudança por Márcia Pereira, João Emanuel respondeu: "Novela é uma obra aberta e o processo criativo é constante. A sinopse é um instrumento de trabalho que serve para nortear o autor. Pelo menos é assim para mim. Trata-se de uma ideia, um horizonte. Sobre o Orlando, ele sempre foi um homem frio, capaz de fazer qualquer coisa pela facção. Essa é a sua essência".

É verdade, mas a trajetória errática de Lara em "A Regra do Jogo" deixa claro que o autor não engoliu a sugestão da Globo em mexer na trama que imaginou.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.