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Lucas vê “sensacionalismo” na bronca que levou de Paola no “MasterChef”

Mauricio Stycer

23/12/2015 10h47

Em uma das noites mais desinteressantes da história do "MasterChef Brasil", o especial exibido na noite de terça-feira (22) chamou a atenção por um episódio alheio ao programa, que envolvia uma questão pessoal da jurada Paola Carosella com o candidato Lucas Furtado.

A jurada argentina deu uma bronca homérica no rapaz não por algo que ele fez no programa, mas por ter recusado uma vaga de estágio em seu restaurante, sem avisá-la. E pior, começou a estagiar em um restaurante concorrente, da chef Bel Coelho.

Para quem assiste o "MasterChef" para ver as confusões, a bronca de Paola (veja no vídeo acima) foi de fato sensacional. Mas absurda, como bem observou Lucas, em uma nota divulgada na internet. "Eu não sou obrigado a estagiar com a Paola, nem com o Jacquin e nem com ninguém".

Mais importante, Lucas observou "Achei a bronca completamente desnecessária, acho que qualquer problema que tivéssemos poderia ser resolvido em uma conversa a parte ou em uma troca de emails, não em um programa assistido por milhões de brasileiros, e eu não teria nenhum ressentimento se esse puxão de orelha acontecesse em uma conversa reservada, mas, não, infelizmente o sensacionalismo falou mais forte", continuou.

Gravação do especial

Levado ao ar uma semana após a conclusão do "MasterChef Júnior", o especial "MasterChef – Desafio das Temporadas" reuniu duas equipes com participantes da primeira e segunda temporadas do reality gastronômico. O time vencedor foi o azul, com participantes da primeira edição.

Durante a gravação, Lucas reclamou dos companheiros e disse que gostaria de cozinhar com a equipe rival. "O time azul mostrou que ia ganhar desde antes de começarmos a gravar, a galera toda entrosada, com tesão de cozinhar", falou o jovem em seu Twitter.

Ele disse, ainda, que estava incomodado no estúdio. "Eu estava completamente desconfortável na gravação. Tinha muito ego para pouco espaço, a energia estava péssima", declarou.

Diferentemente da impressão de que os ex-participantes foram convocados pelas líderes das duas equipes, Elisa (do "MasterChef" 1) e Isabel (do "MasterChef" 2), Lucas afirmou que eles foram chamados pelo diretor do programa, Patrício Diaz. "Não foi a Isabel que me chamou, mas o diretor que selecionou quem participaria", falou.

* Colaborou Felipe Pinheiro, do UOL Entretenimento.

Abaixo, a íntegra da nota de Lucas, divulgada em seu perfil no FacebooK:

Todos sabem que, ao ser eliminado do MasterChef, fui convidado pela Paola Carosella para estagiar no Arturito, assim como fui convidado para ser treinado pelo Jacquin. Foram duas oportunidades fantásticas e queria muito poder aproveitá-las. Mas infelizmente não acabou acontecendo. Um dia após minha eliminação ir ao ar, no dia 19 de agosto, encontrei a Paola na Band e conversamos sobre o estágio. Ela pediu para que eu mandasse um email para agendarmos uma entrevista, e assim fiz. Ela me passou uma lista de condições para que eu pudesse estagiar com ela, as quais achei muito justas.

Fiz a entrevista com o sócio dela e a responsável pelo RH de seus restaurantes. A remuneração seria de R$600,00 mensais para eu trabalhar de segunda a sexta das 18h00 as 24h00, o que eu também achei muito justo, a maioria dos estágios de cozinha pagam muito menos que isso. Mas surgia aí um problema, eu sou de São Roque, cidade do interior de SP e teria que me mudar para São Paulo, e com o salário do estágio e sem poder fazer eventos seria impossível. Falei com o sócio dela que precisava me estabilizar financeiramente para poder mudar para São Paulo e que o procuraria assim que o fizesse, o que eu planejava que ocorresse entre outubro e novembro, eles estavam cientes desse planejamento.

O tempo passou e eu não consegui me mudar para São Paulo, eu não sou mais um moleque de 18 anos que pode depender financeiramente dos pais. Nesse período eu conheci uma participante da primeira temporada que trabalha com a Bel Coelho, e que cogitou a possibilidade de eu estagiar com a Bel. A agente da Bel entrou em contato comigo e me convidou para estagiar com ela em um evento e eu prontamente abracei, fui muito bem recebido por toda a equipe e adorei a experiência. Aí, surgiu a possibilidade de estagiar no Clandestino, que é o restaurante da Bel Coelho e que funciona uma semana por mês e eu abracei também. Com ela, não tenho remuneração financeira, mas, devido ao horário, tenho a possibilidade de voltar para São Roque após o estágio e ainda tenho a flexibilidade de continuar fazendo os eventos, que é o que eu faço para sobreviver.

Hoje foi ao ar uma grande bronca, aonde a Paola diz que eu sequer telefonei para avisá-la que não faria o estágio, e sim, eu não avisei, pois eu ainda pretendia me resolver até o final de novembro e começar o estágio. O programa foi gravado no dia 22 de novembro, o que me deixava dentro do prazo de respondê-la se aceitaria ou não. Ainda vale a pena dizer que antes das gravações desse especial de natal, eu cruzei com o sócio dela pelos corredores da BAND e disse que precisávamos conversar e ele prontamente me respondeu com um: "Quando você quiser."

E não, eu não sou obrigado a estagiar com a Paola, nem com o Jacquin e nem com ninguém. A Paola é uma grande cozinheira, na qual eu ainda me inspiro muito, e não é uma boa cozinheira por estar sendo jurada de um reality show gastronômico, ela é porque é. A Bel não é jurada do MasterChef, mas também é fantástica, e segue uma linha de cozinha pela qual eu venho me interessando muito. Ela não me recebeu com champagne e holofotes, ela me recebeu como um estagiário, lá eu lavo louça, limpo forno, passo pano no chão e faço tudo que for preciso fazer.

Achei a bronca completamente desnecessária, acho que qualquer problema que tivéssemos poderia ser resolvido em uma conversa a parte ou em uma troca de emails, não em um programa assistido por milhões de brasileiros, e eu não teria nenhum ressentimento se esse puxão de orelha acontecesse em uma conversa reservada, mas não, infelizmente o sensacionalismo falou mais forte. Não sou estrela, não me inscrevi no MasterChef para ser famoso e muito menos para ser estrela, eu me inscrevi por acreditar no sonho de ser cozinheiro. Entrei no programa como Lucas, saí como Lucas e continuo sendo o mesmo Lucas de sempre, não usei máscaras e nem criei personagem durante o programa.

Só sei que eu sempre me inspirei muito no Anthony Bourdain, que escreveu um livro e que em alguns capítulos citava alguns motivos para não fazer televisão, agora eu me inspiro ainda mais nele!

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.