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Nos EUA, Fox anuncia que não vai mais divulgar suas audiências diárias

Mauricio Stycer

22/11/2015 01h48

foxologoNum sinal de que a audiência diária já não dá conta do total de espectadores que, de fato, assistem a determinado programa, a rede americana Fox anunciou que não vai mais divulgar, a partir desta segunda-feira (23), boletins diários com os seus números. É uma decisão histórica, ainda que não tenha, no curto prazo, maiores efeitos práticos.

É cada vez maior o número de pessoas nos Estados Unidos que vê a programação de outras formas, seja gravando (via DVR) para assistir no horário que bem entender, seja pela internet (por "streaming" ou "on demand"). Não considerar este público distorce os índices de audiência.

Segundo a emissora, "a audiência diária não reflete a maneira como o público está assistindo as nossas séries". Dados da Fox indicam que, no período de uma semana, cerca de um terço dos espectadores entre 18 e 49 anos vê os programas fora do horário em que são exibidos.

Considerando um período de 30 dias, diz a Fox, a audiência de sete de suas séries cresce mais de 50% em relação à alcançada no dia em que foram exibidas. A audiência diária, afirma a emissora, também não é mais a métrica usada para vender publicidade.

Na prática, no curto prazo, a decisão da Fox não muda nada, já que os seus números de audiência continuarão a ser divulgados pelo instituto Nielsen (o Ibope americano). Mas o simbolismo do gesto é forte. A emissora está dizendo que a audiência real, para ser levada a sério, precisa considerar estas outras formas que o espectador está adotando para ver televisão.

A Fox é a primeira das quatro redes abertas (as outras são NBC, CBS e ABC) a tomar esta atitude, já adotada por vários canais pagos, como FX, AMC, USA.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.