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Netflix repudia agência que diz ser difícil encontrar ator “negro bonito"

Mauricio Stycer

29/10/2015 21h35

netflixmiiguelbiancaPrimeira produção brasileira da Netflix, a série de ficção "3%" ainda está longe de ficar pronta, mas já está provocando barulho. A razão foi o vazamento de um e-mail de uma agência de atores com o objetivo de encontrar um "ator negro muito bonito" para participar da série, cuja realização está a cargo da produtora Boutique Filmes.

Com sete episódios, protagonizada por João Miguel e Bianca Comparato, "3%" deve começar a ser gravada no início de 2016 com previsão de lançamento internacional no final do ano. A primeira temporada será dirigida por Cesar Charlone.

A agência +Add Casting, contratada pela Boutique Filmes, está sendo acusada de racismo pelos termos que usou na mensagem destinada a candidatos ao elenco. O texto diz: "Precisamos de um ator jovem, na faixa dos 20/25 anos, muito bonito. A direção gostaria que ele fosse negro, então o ideal seria ter um ator negro e muito bonito, mas conscientes do grau de dificuldade, faremos teste também com os bons atores, lindos, que não sejam negros."

logo3porcentoA Netflix se manifestou nesta quinta-feira, repudiando a mensagem: "O email sobre o teste de elenco de '3%' foi enviado sem o conhecimento ou aprovação da Netflix, e contradiz tudo em que acreditamos. Junto à Boutique Filmes, estamos trabalhando para tomar as devidas providências, e lamentamos o que aconteceu."

A Boutique Filmes, igualmente, se manifestou: "Como produtora responsável pela série '3%', estamos chocados com o e-mail enviado pela empresa terceirizada produtora de casting. A linguagem usada no e-mail é inaceitável e nunca foi aprovada por nós. O texto não representa nossa visão como empresa. Também não representa o espírito da série ou a orientação de casting, que busca retratar a diversidade da população brasileira."

Já a agência se desculpou: "A + Add Casting gostaria de pedir desculpas pelo e-email que foi enviado convocando atores para o teste de elenco e cujo teor foi equivocadamente mal interpretado como racista e que acabou circulando nas redes sociais. Lamentamos sinceramente este email. Esta mensagem não condiz com a nossa conduta profissional e está longe das intenções que gostaríamos de passar. A Boutique Filmes e todos os profissionais envolvidos neste projeto, não tiveram conhecimento do conteúdo deste email, antes da sua divulgação e portanto, não tem nenhum envolvimento com a sua produção."

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.