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“SuperPop” requenta drama alheio e reconstitui caso Richthofen no estúdio

Mauricio Stycer

03/03/2015 12h41

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Não bastasse o tom exagerado que Gugu Liberato e a Record deram ao caso Richthofen na semana passada, nesta segunda-feira (02) foi a vez de Luciana Gimenez e a RedeTV! pegarem carona e requentaram o drama alheio.

O "SuperPop" tratou, com ares de novidade, de um caso ocorrido há doze anos sem ter nada de novo para dizer – salvo análises já conhecidas, especulações variadas e, como não poderia faltar, algumas doses de delírio.

Curiosamente, a entrevista de Gugu, que motivou o programa de Luciana, foi tratada de forma impessoal, com se não tivesse autor, na abertura do "SuperPop": "Fevereiro de 2015, 12 anos após o crime, Suzane resolve falar pela primeira vez em um programa de TV."

Num dos momentos mais bizarros da televisão este ano, o especialista em segurança Jorge Lordello e a própria Luciana reconstituíram o assassinato dos pais de Suzane em um set contíguo ao estúdio onde o programa estava sendo exibido.

A apresentadora, primeiro, fez o papel de Suzane, chegando ao quarto dos país. Depois, segurando dois pedaços de pau, semelhantes aos usados no crime, a dupla descreveu a mecânica da ação dos irmãos Cravinho.

Em outro momento destinado a causar sensação, a apresentadora convocou a ajuda da sensitiva Marcia Fernandes. Ela contou que esteve na casa uma semana após os crimes e voltou agora, a convite do programa.

"É uma casa praguejada ou pior, amaldiçoada. Jamais eu moraria nessa casa." Ao que a repórter que a acompanhava fez a pergunta de um milhão de dólares: "É impossível a pessoa ser feliz aqui?" E a sensitiva, sem entrar na casa, mas com as suas mãos no portão, respondeu: "Sinceramente? Sim."

O "SuperPop" e a sua carismática apresentadora têm condições de fazer melhor – e o público do programa merece mais – do que a mera exploração de assuntos da concorrência.

Veja abaixo a "reconstituição" do crime:
Caso Richthofen: Jorge Lordello reconstitui cena do crime

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.