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“Milagres de Jesus” confirma acerto do projeto bíblico da Record

Mauricio Stycer

29/01/2014 13h34

milagresdejesus
Olhando em retrospectiva, a aposta em minisséries bíblicas talvez seja o maior acerto da Record nos últimos cinco anos. "Milagres de Jesus", cujo segundo episódio vai ao ar nesta quarta-feira, às 21h45, é o quinto programa do gênero que a emissora exibe desde 2010, sempre com bons índices de audiência, confirmando que havia um nicho de mercado a ser preenchido.

Como Hollywood, que em diferentes momentos se voltou para este gênero, a Record soube captar a existência de um público significativo, sempre interessado em ver ou rever as narrativas consagradas do Velho e do Novo Testamento.

O projeto teve início com "A História de Ester", em 2010, prosseguiu com "Sansão e Dalila" (2011), "Rei Davi" (2012) e "José do Egito" (2013), chegando agora a "Milagres de Jesus", desta vez com produção externa, a cargo da Academia de Filmes.

O tom épico, meio que obrigatório neste gênero, exige produções vistosas, de muita qualidade, para que o resultado convença o espectador. É preciso reconhecer que, a cada minissérie, a Record tem avançado neste quesito.

O episódio de estreia, "A Pesca Maravilhosa", no qual são narrados dois milagres atribuídos a Jesus, o da cura da sogra de Simão e o da multiplicação dos peixes, não deixa nada a dever a produções do gênero, em especial a fotografia. A opção por não mostrar o rosto de Jesus, ainda que não original, é instigante e foge do óbvio.

É curioso ver como executivos da emissora divulgam, com orgulho, os gastos envolvidos no projeto. No caso de "Milagres de Jesus", são R$ 900 mil por episódio. Segundo a própria Record, é quase o dobro do que se gasta por capítulo (R$ 500 mil) de "Pecado Mortal".

Como já escrevi em outras ocasiões, o projeto de minisséries bíblicas da Record tem uma característica que o torna mais complexo: o fato de a emissora ser propriedade de um grupo religioso, a Igreja Universal do Reino de Deus.

Para além do entretenimento, não é possível deixar de ver aí um propósito de propaganda de determinadas ideias e valores, que atraem especificamente a um público com interesse religioso. Insisto no ponto porque a emissora é pouco transparente no assunto.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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