Veja o filme e leia os livros sobre Heleno
"Heleno – O príncipe maldito", de José Henrique Fonseca, é um filme surpreendente. Primeiro, porque foge do modelo de cinebiografias caretas, didáticas, lineares e/ou apelativas que o cinema brasileiro estabeleceu como padrão. Segundo, por não cair na tentação, típica do cinema americano e de seus imitadores nativos, de oferecer respostas fáceis para a loucura de seu personagem. Terceiro, pela coragem de não fazer um filme de futebol, correndo o risco de decepcionar os boleiros, mas um drama sobre a alma de um homem atormentado, que também foi um dos maiores ídolos da história do Botafogo. E quarto, pelo trabalho impressionante de Rodrigo Santoro no papel principal.
Recomendo com entusiasmo o filme, que estreia nesta sexta-feira. Quem desejar, porém, se aprofundar em detalhes biográficos e da carreira de Heleno de Freitas deve recorrer, além do filme, a alguns livros disponíveis no mercado. Apresento a seguir três deles.
Nunca Houve um Homem como Heleno, de Marcos Eduardo Neves (Jorge Zahar, 328 págs., R$ 44). É a principal biografia do jogador. Com o apoio em entrevistas com contemporâneos de Heleno, o autor reconstitui a trajetória de vida e a carreira do jogador com riqueza de detalhes. Neves teve acesso a toda a correspondência entre um irmão de Heleno e o diretor do sanatório onde ele viveu seus últimos anos, o que dá um caráter dramático ao relato.
Há uma curiosidade em relação à capa do livro de Neves. A primeira edição, de 2006, é ilustrada com uma foto magnífica do jogador em ação, pelo Botafogo (esq.). A nova edição, que acaba de sair, traz na capa uma foto muito famosa de Carlos Moskovics (1916-1988), na qual Heleno faz pose segurando uma bola de futebol e olhando para o céu. É uma imagem dramática, teatral, como foi a vida do jogador, e claramente busca atrair para o livro leitores (e leitoras) cujo interesse não se limita ao futebol.
O Homem Que Sonhou com a Copa do Mundo, de Carlos Rangel (Edições O Cruzeiro, 134 págs). Lançado em 1970, esta biografia pioneira só é encontrada em sebos. Relato apaixonado, e pouco objetivo, o livro descreve Heleno como um gênio incompreendido, perseguido por inimigos, que não aceitavam a sua genialidade. É um exemplo interessante de um tipo de jornalismo hoje sem prestígio, muito mais preocupado com a construção de mitologias do que com a precisão histórica. A capa, estilizada, recorre à mesma foto de Carlos Moskovics utilizada na nova edição de "Nunca Houve um Homem como Heleno".
Gigantes do Futebol Brasileiro, de João Máximo e Marcos de Castro (Civilização Brasileira, 440 págs., R$ 59,90). Obra obrigatória na estante de livros de futebol, reúne perfis de 21 jogadores – o de Heleno é o oitavo. O texto é assinado por Castro e, entre outros méritos, desmente parte da mitologia criada pela revista "O Cruzeiro" sobre a fase final – e decadente – de Heleno, internado em Barbacena.
O leitor interessado na História e nas histórias do Botafogo vai encontrar referências a Heleno em inúmeros livros. Cito alguns, obrigatórios: "Botafogo, o Glorioso", de Roberto Porto, "Botafogo, 101 anos de histórias, mitos e superstições", do mesmo Roberto Porto, "Os Dez Mais do Botafogo", de Paulo Marcelo Sampaio, "Histórias, conquistas e glórias no futebol", de Antonio Carlos Napoleão, e "Na Grande Área", de Armando Nogueira.
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