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BBB: uma questão de método e um convite a Boninho

Mauricio Stycer

01/04/2011 10h24


Muita gente me questionou nestes últimos 80 dias sobre as reações do diretor Boninho aos textos que produzi para o UOL e no blog sobre o BBB11. Não me sinto muito à vontade em escrever na primeira pessoa, mas vou tentar esclarecer, agora que o programa terminou, como vejo esta "polêmica".

Em primeiro lugar, o leitor precisa saber que comecei a escrever profissionalmente sobre o BBB na nona edição. Conhecia o programa, sabia o que havia ocorrido em várias edições, mas nunca tinha assistido diariamente, do início ao fim.

Além do prazer de espiar (o chamado "voyeurismo"), creio que a chave do sucesso de um programa como o BBB está na possibilidade que oferece ao público de julgar – o comportamento, o caráter, a aparência física, a moral e a ética – dos participantes. Como não tenho talento para julgar o próximo, e há vários profissionais que fazem isso muito melhor que eu, resolvi olhar em outra direção.

Minha prioridade direcionou-se, desde o início, para a análise do trabalho de três participantes: Boninho, Pedro Bial e o responsável pela edição, que apelidei de Mr. Edição. Eles são os personagens fundamentais, ao formatar, orientar e, em última instância, influenciar o nosso olhar.

Na nona edição, ocorreu um fato curioso. Encantado por uma candidata desde o primeiro dia ("Aquele espetáculo chamado Priscila"), o apresentador a apelidou de "Princesa", o que foi motivo de alguma ironia da minha parte. Um belo dia, ao vivo, ele reclamou de mim com ela:

"Tem um brother meu que não gosta que eu chame a Priscila de Princesa. Um brother meu que escreve críticas sobre o programa", disse ele. "Por quê?", perguntou ela. E Bial: "Deve ser ciúme".

Neste momento, para minha surpresa, me dei conta que Bial, Boninho e Mr. Edição levavam a sério os textos que escrevo sobre o programa. Ao longo destes três anos, eles deram inúmeros outros sinais, seja incluindo na edição cenas só vistas no "pay per view", mas comentadas por mim, seja enviando e-mails, recados e mensagens no Twitter.

No BBB10, por exemplo, Mr. Edição só mostrou Fernanda (foto) dizendo que Uiliam "nem é tão negro" dias depois de um texto meu a respeito, no UOL. Igualmente, a famosa cena em que Dourado diz que, se Angélica não fosse mulher, teria quebrado o dedo dela, só apareceu no programa vários dias depois de ocorrida, após merecer comentários no meu blog.

Boninho começou a se manifestar abertamente na décima edição. A princípio, respondeu educadamente e com humor a vários questionamentos meus. Com o tempo, porém, foi ficando irritado, a ponto de me bloquear no Twitter e fazer o mesmo com leitores que o questionavam sobre meus textos.

Não sou a pessoa certa para fazer esse julgamento, mas relendo os textos que escrevi nestes três anos, creio que eles são coerentes. Com uma ou outra exceção, um ou outro texto dedicado a falar de algum candidato, sigo procurando entender como Boninho, Bial e Mr. Edição transformaram o BBB num dos programas mais vistos e polêmicos da televisão brasileira.

Tiro o chapéu para os três e, de fato, acredite se quiser, não me incomodo nem um pouco com as bobagens que Boninho escreve a meu respeito no Twitter. Ele até hoje não foi capaz de formular uma única réplica a algo que escrevi.

Aliás, teria grande prazer em ouvi-lo a respeito, seja numa entrevista ao vivo, na TV UOL, seja numa entrevista gravada. Encerrada a décima-primeira edição, fica aqui, mais uma vez, o convite para o diretor expor argumentos mais consistentes do que ficar dizendo que sou "iniciante" em matéria de BBB ou que escrevo sob efeito de maconha.

Em tempo: Meus textos sobre o BBB11, encerrado com a vitória de Maria (na foto no alto, com Daniel e Wesley), podem ser lidos aqui.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.