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Reality “Escola para Maridos” choca com exposição pública de machismo

Mauricio Stycer

21/09/2016 02h06

Gente disposta a expor a própria intimidade na TV não falta. Mas "Escola para Maridos", exibido no canal pago Fox Life, inaugura um novo patamar neste quesito. Trata-se de um reality show no qual oito casais tratam abertamente da crise de seus relacionamentos, tendo como ponto de partida as queixas das mulheres.

O primeiro episódio, exibido na noite desta terça-feira (20), foi um espanto. Não me lembro de ver outro programa em que o machismo foi apresentado de forma tão aberta e violenta na televisão.

Sob o comando do ator Luigi Baricelli, com a ajuda de uma psicóloga, Ana Canosa, e de dois assistentes, Felipe Solari e Diana Bouth, os oito casais selecionados participam de dinâmicas de grupo e discutem os seus problemas diante das câmeras com uma franqueza assustadora.

"Todo grito, toda explosão, tem o seu motivo", diz Adriano, depois de ofender a mulher com quem é casado há 16 anos. "Ninguém grita à toa. O homem é sempre mais irritado que a mulher, não tem jeito. É sempre mais grosso", acrescenta. "Ele me trata assim no dia a dia. Ele me põe muito medo", comenta Daniela.

"Ela fica provocando até eu estourar. E quando eu estouro, aí acabou a conversa. É o meu jeito de falar. Eu sou grosso. Eu gostaria de mudar isso, mas não consigo", reconhece Eduardo, após xingar Patrícia por conta de uma bobagem.

Em uma das provas, os maridos precisavam reconhecer as mulheres de olhos vendados, sem poder tocá-las, apenas pelo cheiro. Fachini não reconheceu a mulher. "Achei que ia reconhecer. Nossa! Tantos anos", lamentou Izabel. Baricelli quis saber porque o marido riu do comentário da mulher: "Porque ela tá agindo como sempre age. Fazendo drama".

Outro que não reconheceu a mulher foi Adriano. "Eu não sei em que planeta ele vive. Eu vivo para ele. Ele não vive pra mim", lamentou Daniela. "Você tinha a obrigação de saber", disse ainda. E ele, sem que ela visse, resmungou: "Não sou cachorro, meu".

Pesado.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.