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Sem roteiro, “Show 50 anos” diverte, mas não conta a história da Globo

Mauricio Stycer

26/04/2015 01h37

A Globo reapresenta nesta sexta-feira, (01), às 14h50, o especial.

É difícil resumir em 90 minutos os 50 anos de uma emissora de televisão. Ainda mais da Rede Globo, fundada em 1965, líder de mercado desde 1971 e uma referência fundamental, para o bem e para o mal, na história do entretenimento e do jornalismo do país.

A tarefa de quem produziu e dirigiu o "Show 50 Anos", exibido na noite de sábado (25), não era fácil. Seria preciso, antes de mais nada, ter uma ideia. O que sintetiza esse período? Quais são as histórias mais importantes que a Globo contou nestas cinco décadas? O que diferencia a emissora de outras?

Respondendo a estas perguntas, ou a outras semelhantes, teria sido possível esboçar um roteiro para um show comemorativo deste porte. Mas quem assistiu ao espetáculo notou que, infelizemente, ele não teve roteiro algum.

"Show 50 anos" foi um amontoado de esquetes, organizados por temas (novelas, humor, jornalismo, esporte, séries etc), sem nenhuma conexão entre eles, nem maior conteúdo, além da evocação, saudosista, de alguns ícones da programação da emissora.

Fátima Bernardes e Pedro Bial, na função de narradores, deixaram claro, também, que não tinham nenhuma história para contar. O papel de ambos se limitou, basicamente, a anunciar os nomes que apareciam no palco – substituindo as legendas que costumam surgir na tela nessas horas.

No Twitter, onde este tipo de evento da TV costuma provocar euforia, muita gente comparou o "Show 50 Anos" ao especial "Criança Esperança", pela sucessão, meio sem razão de ser, de números musicais com cantores populares.

Aliás, banda Malta, Thiaguinho, Paulo Ricardo, Gaby Amarantos, Roupa Nova, Latino, Gustavo Lima, Joelma e Chimbinha, Michel Teló e Seu Jorge, entre outros, ganharam um destaque que figuras fundamentais para a história da emissora não tiveram.

Pelo limitado papel que coube à dupla de apresentadores, na visão de muitos espectadores, Fátima de Bial lembraram narradores de desfile de escola de samba – uma comparação não de todo injusta.

Vistos isoladamente, alguns quadros foram mais bem realizados do que outros. A homenagem a Chico Anysio, com seus personagens desfilando pelo palco, foi um grande momento. Galvão Bueno narrando eventos esportivos exibidos no telão também provocou um belo efeito.

No conjunto, a sequência de números musicais e homenagens produziu bom entretenimento. Ágil e divertida, foi uma superprodução que não ofereceu tempo para o espectador respirar. Mas que ficou longe de contar a história dos 50 anos da Globo.

Em tempo: muito mais ousada e divertida foi a homenagem que o "Tá no Ar" fez, em seu último episódio, ao cinquentenário da emissora.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.