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Problema de “Babilônia” não é a polêmica, mas a história, avalia Boni

Mauricio Stycer

23/04/2015 10h53

Boni2015Em uma entrevista ao "Meio & Mensagem", publicação especializada em publicidade e mídia, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho analisou a trajetória da Globo, onde atuou por mais de 30 anos, e fez algumas considerações pontuais, em especial sobre as novelas.

Na sua avaliação, a teledramaturgia da emissora abandonou algumas características "clássicas", que terminaram por tirar a força que tinham. "Do ponto de vista de conteúdo, ficou muito solto, experimental", disse. "Tentaram algumas coisas que modificaram o formato clássico da telenovela e, se acertou a mão em algum lugar, errou em muitas outras coisas".

Boni acha que os autores deveriam ter a assistência de um número maior de colaboradores, para a novela "ser mais precisa".

"As novelas poderiam ter um conteúdo muito melhor, ter avançado mais do que era no passado. Avanço não só na ousadia em abordar um ou outro assunto, isso é obrigação, tem de evoluir junto com a sociedade. Isso não é inovador, é o normal. Do ponto de vista da narrativa, da segurança de você ir ao ar com uma história que não dá problema e não é rejeitada, deveria ter evoluído".

GilbertoBraga2015Seguindo este raciocínio, Boni faz uma avaliação bem dura de "Babilônia", a atual novela das 21h. "A audiência da novela não está ligada a polêmica. As duas senhorinhas da novela são ternas. A baixa audiência está ligada à própria história."

Em seguida, o ex-diretor-geral da Globo fala do autor da trama: "Gilberto Braga é um grande autor, fez grande sucesso na televisão, mas o autor não é um poço sem fundo do qual você vai tirando água a vida toda. E às vezes erra".

Por fim, Boni recomenda que "Babilônia" mude a sua história o mais rápido possível: "Não temos como adivinhar se uma história vai agradar ou não. Tem de começar a contar a história. E, se não for do agrado, tem de rapidamente substituir aquela novela ou consertar. Mudar o rumo. Não há bola de cristal. Dizer que o autor errou é muito difícil".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.