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Como novelas, reencontro de familiares virou um gênero popular na TV

Mauricio Stycer

22/04/2015 05h01

gugureencontro

Irmãos que não se viam há 28 anos se reencontraram esta semana em um programa de televisão. Sabe qual? A resposta não é fácil mesmo. Promover o reencontro de parentes perdidos virou uma espécie de gênero na TV aberta brasileira, quase tão popular quanto novelas e reality shows.

A lista das atrações que, com alguma assiduidade, exploram este filão é enorme. "Programa do Ratinho", "Programa da Eliana", "Caldeirão do Huck", "A Hora do Faro" e "Domingo Show" são alguns dos que tentam emocionar o público com histórias dramáticas desta natureza.

Como se não bastasse, Gugu Liberato, cuja última pretensão é inovar alguma coisa, também está apelando para o "reencontro" em seu novo programa. Nesta segunda-feira, ele até anunciou: ""Estamos cadastrando pessoas que estão procurando seus parentes".

Há quem enxergue neste expediente um serviço importante, uma forma de auxiliar pessoas humildes que perderam o contato com familiares. É verdade, mas trata-se de uma gota de água em um oceano.

Vende-se a ilusão de que os programas vão resolver o problema de um grande número de pessoas, quando na prática atendem a muito pouca gente. Pior, são iniciativas isoladas, sem pudor de aproveitar os dramas familiares para obter audiência.

Pelo número de programas que fazem a mesma coisa, não é difícil entender que o resultado é ótimo.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.