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Audiência cai quando falo de modo sério sobre gays, diz Aguinaldo Silva

Mauricio Stycer

27/03/2015 01h24

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Em uma entrevista reveladora, dada ao programa "Diálogos", apresentado por Mario Sérgio Conti, na GloboNews, nesta quinta-feira (26), Aguinaldo Silva explicou por que é contra a exibição de beijo entre dois homens em suas novelas.

"Eu assisto a novela com o aparelho que mede a audiência em tempo real. Sei que esse é um assunto que vai causar mal-estar, uma certa polêmica", disse.

imperioclaudioleo2Falando de "Império", que chegou a mostrar um romance entre dois personagens masculinos, Claudio (José Mayer) e Leo (Klebber Toledo), Aguinaldo acrescentou: "Eu percebia que nos momentos em que esse assunto era tratado de modo mais sério a audiência caia. Ou seja, a maioria não quer ver isso."

Sua conclusão é a seguinte: "E o que a novela almeja? É a audiência. É assim que ela se vende. Então, você tem que ter muito cuidado com os temas sobre os quais fala na novela."

Em outro momento, Aguinaldo disse ambicionar ser "o Balzac das novelas", numa referência ao escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850).

A observação veio em resposta a uma provocação de Conti, para quem o autor "poderia ser o Balzac brasileiro se ficasse no romance". Ele respondeu: "Gosto de escrever novela, quero fazer isso da melhor maneira possível e quero ser o Balzac das novelas."

Em outro momento interessante, questionado se não considerava a telenovela como um gênero menor, Aguinaldo disse: "Daqui a 50, 60, 80 anos, quando as pessoas quiserem saber como era o Brasil desses últimos 50 anos, elas vão ver as telenovelas. É lá que está o Brasil."

Indo mais longe, disse ainda: "Não é na literatura, não é no teatro, não é nada disso. É na telenovela que está o Brasil. Esse Brasil que as pessoas desdenham, o Brasil das novelas, é o Brasil que as pessoas vão ver no futuro."

Por fim, indagado se não gostaria de escrever uma novela com temática política, como o mensalão, por exemplo, disse. "Não daria uma boa novela, mas uma boa minissérie."

O programa será reprisado nesta sexta-feira em três horários, às 7h30, 12h30 e 17h30, e no domingo às 13h30.


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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.