Drama pessoal de cantor turbina promoção de novo disco na TV
No dia 22 de setembro, sete meses depois de ser internado para tratar de dependência em drogas e álcool, o cantor Hudson deixou um centro de reabilitação, em São Paulo. Uma semana depois, no domingo, 28, deu uma entrevista ao "Fantástico", no qual descreveu sua passagem pelo inferno e a volta:
"Eu via o diabo todo dia dentro de uma garrafa. Todo dia, eu trocava um almoço, meu café da manhã, por uma talagada de uísque. Aí, entrei nessa de cocaína. Acho que eu fui o primeiro artista no mundo sertanejo que botou a cara a tapa", disse ao programa da Globo.
Só no final da entrevista a repórter Giuliana Girardi mencionou que a saída do cantor da clínica coincidia com o lançamento do novo disco da carreira da dupla Edson & Hudson. Como já era sabido, o álbum "De Edson Para Hudson" foi gravado em duas etapas, uma em um estúdio, por Edson, e outra na clínica onde Hudson ficou internado.
A reportagem se encerrou com a dupla cantando uma música nova do CD e o convite a ouvi-la, na íntegra, no site do programa. De lá para cá, Edson e Hudson tem feito bastante divulgação do trabalho, sempre sublinhando o drama pessoal do cantor.
Foi assim, por exemplo, na entrevista a Chris Flores, do "Hoje em Dia", da Record: "Todo sofrimento dele lá dentro eu passei aqui fora", revelou Edson, na conversa, exibida no último dia 22.
E foi assim, também, no "Caldeirão do Huck", neste sábado (25). "A gente vai abrir o 'Caldeirão' contando uma história que tem a música como ferramenta de superação", explicou o apresentador. Curiosamente, Luciano Huck reapresentou boa parte da reportagem do "Fantástico" antes de convidar a dupla a cantar no palco do seu programa.
Programas populares de televisão adoram "histórias de superação", em especial as que fazem o espectador chorar. O caso de Hudson é um prato cheio, neste sentido. Além de ser um caso de "superação", é também a história de um "famoso", o que confere ainda mais emoção ao caso.
As emissoras faturam em audiência e a dupla consegue boa promoção para o seu trabalho. O problema é que o espectador nunca sabe se o objetivo de tanta exposição é ensinar algo sobre o drama de um ex-dependente ou vender discos.
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