Topo

Programa da MTV mostra os conflitos de jovem gay com o pai preconceituoso

Mauricio Stycer

30/09/2014 05h01

Adotadafilho
Na semana em que a discussão sobre homofobia voltou a ocupar os holofotes, graças ao discurso preconceituoso de um candidato à presidência, a MTV exibe um programa bastante provocador sobre o tema.

Trata-se de "Adotada", um reality show que mostra as peripécias de Maria Eugenia Suconic na casa de famílias que ela nunca havia visto antes. A protagonista do programa é modelo, produtora de moda, hostess e DJ. Cada episódio resume a estadia de cinco dias dela com os estranhos que a "adotam".

No episódio que vai ao ar nesta terça-feira, às 21h30, Maria Eugênia é "adotada" por uma família de classe média de São Bernardo do Campo (SP). O pai, Fernando, de 44 anos, é eletricista, casado e tem três filhos. Um deles, Henrique, de 21, é gay assumido.

Adotadapai"Não consigo falar que ele nasceu com a genética pra isso aí. Pra mim, é sem-vergonhice", diz Fernando sobre o filho. Maria Eugênia decide enfrentá-lo e o convida para ir numa balada noturna em São Paulo com Henrique. Ocorre, então, o seguinte diálogo:

"Não sou gay. Não é balada gay?", ele pergunta. "Ué. Também não sou gay e vou", responde a apresentadora, ex-namorada do cantor Supla. "Pensei que a balada gay fosse pra gays", replica Fernando. "Não necessariamente. Pode ser simpatizantes", diz ela. Ele pensa um pouco e afirma: "As pessoas normais não vão."

Em outra passagem forte do programa, que o UOL assistiu, Maria Eugênia conversa com Henrique: "Não sei como você aguenta". Ele explica: "Esse é um assunto que não se toca. Por isso não sou afrontado. Eu não ouço isso." Ao que ela conclui: "Não sei como você consegue ficar aí dentro. Se fosse meu pai eu não ia dar oi."

Para provocar Fernando, a apresentadora veste uma camiseta na qual está escrito "Gay OK". E convence Henrique a usar um modelo igual. O pai fica furioso com o que considera um desrespeito: "Se quiser, coloca lá fora", diz ao filho. Observando o difícil cotidiano do rapaz, ela conclui: "Sair do armário é para os machos de verdade".

Conversando com mãe do jovem, Maria Eugênia ensina: "Não adianta só amar. Respeita". Ao final do episódio, Fernando promete que tentará ser menos preconceituoso com o filho. Fica a dica, Levy Fidelix.

Veja abaixo um trailer do episódio desta terça-feira de "Adotada". O programa vai ao ar na MTV, às 21h30.

Veja também
Diretor da MTV acredita que canal continua relevante no Brasil
MTV Brasil investe em duas produções nacionais
OAB pede cassação da candidatura de Fidelix por declarações homofóbicas
Após declarações de Levy, Marina e Dilma criticam homofobia

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.