Topo

"Video Show" explica a  “suspensão do tempo” para o público de “O Rebu”

Mauricio Stycer

11/08/2014 17h54

Nesta segunda-feira (11), no "Vídeo Show", a repórter Marcela Monteiro entrevistou Dira Paes sobre o seu papel em "O Rebu". A atriz interpreta a policial Rosa, auxiliar do delegado Pedroso (Marcos Palmeira) na investigação sobre o crime que ocorreu no primeiro capítulo da novela, durante uma grande festa na mansão de Ângela Mahler (Patrícia Pillar).

rebudirapaesvideoshowA certa altura da conversa, Marcela observou: "Vamos falar de figurino. As mulheres estão sempre com estes vestidões lindos de festa e estou vendo você sempre com a mesma roupa". A frase, na verdade, foi uma deixa para Dira esclarecer: "A Rosa está no trabalho. Ela chega pela manhã, acho que a polícia chega por volta das 8h da manhã, e passa o domingo nesta investigação. Não tem como trocar a roupa. Vocês vão ter que me agüentar. Agora, saibam que tem uma dupla. Vai um para a lavanderia, a gente põe o outro."

Aparentemente banal, o diálogo teve a função de, mais uma vez, lembrar que a história de "O Rebu" se passa inteiramente em uma noite, ao longo de uma festa. A investigação policial sobre a morte de Bruno (Daniel de Oliveira), com a participação de Rosa, ocorre no dia seguinte.

Esta "suspensão do tempo", parece, não está sendo compreendida por parte do público. Por coincidência, escrevi justamente sobre esta dificuldade neste domingo no texto O tempo não passa, publicado na "Folha". Relatei uma homenagem a Braulio Pedroso, o autor da novela original, exibida em 1974, ocorrida durante a última Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).

Um dos autores do "remake", George Moura, disse no evento: "O que mais me fascinou na novela do Bráulio é o arrojo da narrativa. Alguém pode dizer que isso está assimilado. Não é bem assim quando a gente vê a reação das pessoas. Nunca mais se fez uma novela com esse arrojo narrativo. Não é nada simples. Ainda é difícil, hoje, para o espectador compreender a suspensão do tempo. O espectador está acostumado a ver o tempo da narrativa espelhar o seu tempo".

É possível imaginar que esta ousadia dos anos 70 esteja prejudicando a audiência da novela nos dias de hoje.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.