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UOL Vê TV: Globo parte para o tudo ou nada com a novela "Império"

Mauricio Stycer

24/07/2014 06h01

Nesta edição do programa "UOL Vê TV", falo sobre a importância da nova novela das 21h, "Império", para a Globo. A atração, que tem a missão de resgatar a audiência do horário nobre, chegou até a ser notícia no "Jornal Nacional".

Dos 36 pontos, em média, de "Amor à Vida" para os 30 de "Em Família", registrou-se uma uma das maiores quedas de audiência já ocorridas no horário. Foi noticiado, por isso, que a Globo teria prometido ao mercado publicitário uma audiência de 35 pontos para "Império", o que ela nega.

A queda de audiência no horário é uma realidade já há bastante tempo. Em 28 de junho de 2004, estreava na Globo a novela "Senhora do Destino", de Aguinaldo Silva. Encerrada em março do ano seguinte, depois de 221 capítulos, foi a última novela da emissora a ter uma média acima de 50 pontos.

Em dez anos, e 16 novelas, o Ibope do horário mais nobre da Globo caiu, até chegar ao seu nível mais baixo este ano, com "Em Família". Chamo a atenção nesta curva descendente para dois momentos. "A Favorita", de João Emanuel Carneiro, exibida entre 2008 e 2009, foi a última produção a alcançar a média de 40 pontos. E "Fina Estampa", de Aguinaldo Silva, apresentada entre 2011 e 2012, foi a que mais perto chegou, até hoje, de alcançar novamente este número, com média de 39,1.

É preciso levar em conta, naturalmente, que os números do Ibope são atualizados constantemente com base em critérios demográficos. Em 2006, em São Paulo, um ponto equivalia a 47 mil domicílios. Hoje vale 65.201 domicílios.

Também é preciso levar em conta que nos últimos anos mudou a forma de ver televisão. Vem ocorrendo uma migração cada vez maior para canais pagos, outras mídias (como smartphones) e também têm aumentado o número de aparelhos desligados.

Veja abaixo a audiência média das novelas das 21h nos últimos dez anos:
"Senhora do Destino", Aguinaldo Silva – 50,49 pontos
"América", Gloria Perez – 49,21
"Belíssima", Silvio de Abreu – 48,43
"Páginas da Vida", Manoel Carlos – 47,10
"Paraíso Tropical", Gilberto Braga/Ricardo Linhares – 42,91
"Duas Caras", Aguinaldo Silva – 41,11
"A Favorita", João Emanuel Carneiro – 39,53
"Caminho das Índias", Gloria Perez – 38,69
"Viver a Vida", Manoel Carlos – 35,72
"Passione", Silvio de Abreu – 35,23
"Insensato Coração", Gilberto Braga/Ricardo Linhares – 35,9
"Fina Estampa", Aguinaldo Silva – 39,1
"Avenida Brasil", João Emanuel Carneiro – 38,8
"Salve Jorge", Gloria Perez – 34,00
"Amor à Vida", Walcyr Carrasco – 35,57
"Em Família", Manoel Carlos – 29,8

Obs: Agradeço ao Fábio Dias, do site O Cabide Fala, pelos números exatos.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.