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Meninos, eu vi: 15 momentos inesquecíveis da Copa no Brasil

Mauricio Stycer

15/07/2014 15h49

Passei 40 dias no Rio de Janeiro, enviado pelo UOL Esporte, para acompanhar a Copa do Mundo. Foram sete partidas no Maracanã e muitos momentos – cômicos, curiosos, bizarros ou dramáticos – que presenciei. Abaixo, uma seleção:

copamangaratiba11. A Itália isolada em Mangaratiba: Os italianos se fecharam tanto em sua concentração no resort Portobello que nem o prefeito da cidade conseguiu chegar perto. Evandro Capixaba queria presentear Balotelli com um cavalo esculpido em madeira, mas foi impedido.

Copaargentinos2. A primeira festa dos argentinos em Copacabana. No terceiro dia da Copa, foi possível ter uma ideia do que seria a invasão dos hermanos ao Brasil. Foi a estreia da musiquinha falando que "Maradona es más grande que Pelé".

3. O novo Maracanazo. Numa das melhores partidas da Copa, o Chile ganhou da Espanha por 2 a 0. Empolgado, na zona mista, o meia Valdívia definiu a eliminação dos campeões de 2010 como um "novo Maracanazo".

copachilenos4. A invasão de chilenos. Desesperados para assistir a partida contra a Espanha no Maracanã, cerca de 100 chilenos invadiram o estádio pelo centro de imprensa. Passado o susto de quem presenciou a cena, escrevi um texto, tentando entender o que ocorreu: Invasão de chilenos é ato extremo de multidão frustrada.

5. Torcida brasileira sem inspiração. Comparada a dos argentinos e chilenos, a torcida brasileira deu vexame na Copa, tanto nos estádios quanto na Fan Fest. Sem inspiração, se limitava a repetir uma velha canção, dizendo "Sou brasileiro, com muito com orgulho…" A situação levou a Brahma e a Globo a ensinarem novas músicas ao torcedor.

copasuarez6. Somos todos Suarez. A punição ao melhor jogador uruguaio, pela mordida que deu no italiano Chiellini, mexeu com os brios da torcida. Na partida seguinte, contra a Colômbia, no Maracanã, dezenas deles usaram máscaras com a cara do jogador e levantaram faixas em protesto contra a Fifa.

copajamesrodriguez7. O gol mais bonito da Copa. Há controvérsias, mas na minha opinião o gol de James Rodriguez contra o Uruguai, no qual ele mata a bola no peito e chuta sem deixá-la cair, foi o mais bonito do Mundial. Depois do jogo, até o técnico perdedor elogiou o jogador.

8. Não vai ter Copa. Não foi só no Brasil que houve muito pessimismo antes e euforia durante a Copa do Mundo.  Entrevistei um pesquisador que mostrou haver um comportamento padrão comum em grandes eventos, como Copa e Jogos Olímpicos, tanto da mídia quanto do público.

9. Fuleco é carisma. Um mascote gigante da Copa, colocado na avenida Atlântica, em Copacabana, virou atração turística. A fila para fazer foto com o tatu colorido demorava até 10 minutos em dias de muito movimento.

CopaDonaMarta10. Holandeses no Dona Marta. A visita de um grupo de jogadores da Holanda a uma favela pacificada do Rio rendeu boas fotos e histórias. O mais curioso foi a reação de muitas crianças da comunidade, que reclamaram da ausência dos principais craques do time, Robben e Van Persie.

CopaBrasilVergonha11. Madrugada de pesadelo. A chegada da seleção brasileira à Granja Comary depois do 7 a 1 foi um momento melancólico. O ônibus chegou a Teresópolis por volta das 2h da manhã. Os jogadores não conseguiram ver a faixa dizendo "Vergonha", colocada no caminho: soldados do Exército se posicionaram diante do protesto.

12. Dona Lucia elogia Felipão. No dia seguinte ao 7 a 1, o então técnico da seleção deu uma entrevista tentando explicar o desastre. Tão alheio à realidade quanto ele, o coordenador Carlos Alberto Parreira leu uma carta, supostamente enviada por uma torcedora, tecendo elogios à Felipão.

Copasambodromo13. Torcida argentina ocupa o Sambódromo. Um mês depois de iniciada a invasão, a torcida argentina voltou a tomar o Rio de Janeiro para a final da Copa. Um dos ícones da cidade, a Praça da Apoteose, virou estacionamento para carros e motor-homes dos torcedores.

14. Galvão decide criticar Felipão. Essa não vi ao vivo, mas pela TV. Depois de quase dois anos elogiando o técnico da seleção brasileira, o principal narrador da Globo decidiu criticá-lo aos 45 minutos do segundo tempo, ou seja, na decisão do terceiro lugar, perdida pelo Brasil diante da Holanda. Um pouco tarde, não? 

copaalemanhatorcida15. A festa alemã dentro do Maracanã. Duas horas depois da partida que deu a Copa de 2014 à Alemanha, torcedores do país ainda comemoravam o título dentro do estádio. Foi um momento muito especial. O Maracanã vazio e aqueles 300 torcedores cantando. Dois jogadores, Grosskreutz e Podolski, retornam a campo para se juntarem à festa.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.