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Com “A Divisão”, Globoplay testa novos modelos de produção

Mauricio Stycer

04/08/2019 05h01

Erom Cordeiro (Santiago) e Silvio Guindane (Mendonça) em cena de "A Divisão"

Disponível para assinantes da Globoplay desde 19 de julho, "A Divisão" merece a atenção por dois motivos principais. Primeiro, por ser uma série eletrizante, de ótima qualidade, sobre crimes de sequestro no Rio. Segundo, por confirmar a intenção do serviço de streaming da Globo em investir em produção independente, sem a ingerência do canal.

Ainda que conte com o selo do Multishow como coprodutor, "A Divisão" não tem nenhum traço visível de produção da Globo. Direção, roteiristas e elenco não são profissionais "cedidos" pela emissora. O projeto é de José Junior, fundador AffroReggae e foi realizado pelo braço audiovisual da sua ONG associado com a produtora Hungry Man. O Multishow tem o direito de exibir a série em 2021.

Desde o ano passado, o serviço de streaming da Globo tem investido no crescimento do seu catálogo por meio da compra de séries estrangeiras (novas e antigas) bem como pela estreia, com exclusividade, de produções da própria emissora.

"Ilha de Ferro" é um exemplo. É uma realização interna, com o elenco principal, supervisão de texto e outros aspectos da produção da própria Globo. A dolorosa "Assédio", da mesma forma, foi lançada primeiro na "Globoplay", mas é um projeto da emissora.

Outras séries que carregam o selo "Original Globoplay" na abertura, lançadas este ano, como "Shippados" e "Aruanas", são igualmente produções que a Globo abraçou e destinou originalmente para o streaming.

Em parceria com o Multishow, a Globoplay tem encaminhado o projeto de uma série com Paulo Gustavo baseado no monólogo teatral "Minha Mãe é uma Peça", que já originou dois filmes.

Entre os investimentos originais recentes do serviço de streaming cabe mencionar a quarta temporada de "Sessão de Terapia", com Selton Mello como o protagonista e diretor da série (as três primeiras temporadas foram produzidas pelo GNT).

Também está nos planos da Globoplay, para 2020, "Arcanjo Renegado", um projeto de José Júnior do AffroReggae, com história inspirada em relatos jornalísticos sobre um policial do Bope, com Marcello Mello Jr. no papel do protagonista e direção do cineasta Heitor Dhalia. Outro projeto mencionado é o de uma série proposta pela atriz Leandra Leal com base em histórias vividas por ela na juventude.

Na sua variedade, estes projetos indicam que a Globoplay está buscando diferentes modelos de produção, o que pode ser muito positivo para o mercado.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.