Topo

Diretor da Globoplay desenha qual é a diferença entre TV aberta e streaming

Mauricio Stycer

26/04/2019 17h48

O executivo João Mesquita, da Globoplay. Foto: Marcelo Kahn/Divulgação

O português João Mesquita, CEO da Globoplay, foi um dos participantes da Rio Creative Conference (Rio2C). Em sua apresentação, na noite de quinta-feira (25), ele explicou de forma muito didática por que o serviço de streaming que comanda tem a obrigação de ser mais ousado e ambicioso, em matéria de conteúdo, do que a TV aberta, principal negócio do Grupo Globo.

A sua apresentação foi reproduzida em detalhes pela jornalista Bárbara Sacchitiello, do site "Meio & Mensagem". Ele insistiu em demonstrar que a televisão por demanda busca atender a nichos de audiência específicos, em oposição à ambição de falar com todos os públicos da TV aberta. É uma observação óbvia, mas nem sempre clara na cabeça de quem produz e consome conteúdos.

Destaco alguns poucos trechos que, na minha opinião, ajudam a compreender o que se pode esperar num futuro próximo do serviço de streaming da Globo.

"O fato de não estarmos presos ao que chamo de ditadura da TV aberta nos permite ir além e trabalhar vários segmentos, pois não precisamos seguir a lógica de agradar à maioria. Podemos ter conteúdo mais ousados, mais modernos e diversos".

"Quando fazemos algo como 'Sessão de Terapia', por exemplo, sabemos que nunca será algo consumido por 40 milhões, mas que será bom para um grupo significativo de pessoas".

"Não estar preso às limitações da TV aberta permite ao Globoplay brincar e falar de forma livre, criativa e jovem ao público e, com isso, contribuir também para a evolução da marca Globo".

"Não há como o Globoplay e o streaming substituírem as receitas que o grupo obtém via TV aberta e TV fechada. Obviamente, queremos ser significativos e rentáveis, mas está claro que ainda não é o streaming que irá substituir a receita que temos".

"Procuramos produzir conteúdo com espírito jovem e que também contemplem e retratem diferentes regiões do Brasil. A produção de mídia no País é muito focada no Rio de Janeiro e um pouco em São Paulo também, e é necessário sair um pouco desse foco carioca".

"Procuramos também histórias que geram mais engajamento e tenham mais camadas de significação. As histórias da TV aberta são, geralmente, mais previsíveis e mais fáceis de serem acompanhadas".

"Quando miramos um target diferente, nossas séries só serão relevantes se oferecerem algo diferente. É preciso ter vários arcos, novas estruturas e temas e não ser tudo óbvio".

Veja também
Novela da Globo vira arma na guerra pelo mercado de streaming
Globo enxerga na sua brasilidade uma arma para enfrentar a Netflix
Mesmo pagando por muito conteúdo na TV, espectador sente falta de mais

Siga o blog no Facebook e no Twitter.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.