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Na sua volta, “Zorra” ri de Bolsonaro e faz homenagem ao “MasterChef”

Mauricio Stycer

14/04/2019 16h33

Como seria de se esperar, dada a tradição de humor do "Zorra", o presidente Jair Bolsonaro e as primeiras medidas de seu governo foram o alvo principal do humorístico da Globo na estreia da quinta temporada, neste sábado (13). O programa riu do decreto que mudou a regulamentação sobre porte de armas no país e fez piada com as declarações em defesa do golpe que instaurou uma ditadura militar em 1964.

Desde a sua estreia, em 2015, o novo "Zorra" tem buscado rir de situações da realidade, em diferentes campos – do cotidiano nas grandes cidades à confusão na política do país. O programa tem feito piadas de forma bem democrática, da esquerda à direita. Lula, Dilma e Temer foram alvos de inúmeros esquetes nestes últimos quatro anos.

A temporada 2019 começou com um clipe do grupo "Spia Essas Girls", cantando a música "Em 2019", do álbum "Taokei", lançado pela gravadora "Choro Livre". A letra festeja os primeiros 100 dias do governo Bolsonaro. "E o motorista, ninguém viu mais, 48 de 2 mil reais", cantam as meninas. "Pelo Twitter, ministro sai, quem bater de frente com a família cai", prosseguem. "Agora o caixa 2 já não é tão grave, não. Capitão postou e apagou o que é Golden shower". E termina: "Em 2019, o nosso presidente, foram só 100 dias e já pirou a gente. E 2019, começou a mil, já tem tanto assunto e ainda estamos em abril".

Num quadro intitulado "Aula do futuro", o professor diz: "Vamos começar nossa primeira aula de história depois das novas diretrizes curriculares. Mônica, leia para a turma um trecho sobre a revolução de 1964". A aluna diz: "Tô sem o livro". Ao que o professor esclarece: "Livro pra quê? Veja no seu celular. Aliás, eu te adicionei no grupo da minha família. Veja o que a minha tia Zuleide fala sobre a revolução de 64."


Uma série de quadros curtos, ambientados numa loja que vende armamentos, ganhou uma vistosa vinheta (acima), com as palavras: "Brasil, arme-o ou deixe-o", numa referência ao "ame-o ou deixe-o" que foi slogan durante a ditadura.

Num esquete que caberia melhor no "Tá no Ar", o "Zorra" encenou uma paródia em homenagem ao "MasterChef", competição de culinária da Band. Diante dos três jurados com trejeitos de Erick Jacquin, Paola Carosella e Henrique Fogaça, o candidato tinha que preparar um despacho de macumba.

Além da nova vinheta de abertura, também o elenco trouxe quatro novidades: Paulo Vieira, Luísa Perissé, Castorine e Evaldo Macarrão. O primeiro, que foi assistente do talk show de Fábio Porchat na Record, protagonizou vários esquetes. No melhor deles, encarnou o rei Artur diante dos cavaleiros da távola redonda em uma versão neoliberal, pedindo mais produtividade aos comandados. "Acabou essa coisa de parar o expediente no meio para ir duelar. Quer duelar, pede licença do trabalho e vai duelar. Ninguém aqui é insubstituível", disse.

Foi uma boa estreia, seguindo o mote de que "é difícil competir com a realidade, mas o Zorra tenta".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.