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Novo show de talentos da Record combina bons desafios com muita pirotecnia

Mauricio Stycer

07/02/2019 01h01

João Marcello Bôscoli, Leo Chaves, Xuxa e Aline Wirley, a equipe do "The Four Brasil"

Formato clássico da televisão desde os seus primórdios, o show de talentos musicais ganhou inúmeras versões modernas no século 21 – de "Ídolos" a "The Voice", passando por "Superstar", "Esse Artista Sou Eu", "Got Talent", "X-Factor" e "Canta Comigo", entre outros.

"The Four", que a Record estreou nesta quarta-feira (6), é mais uma variação sobre o tema, com algumas novidades cosméticas. Os candidatos são avaliados por três jurados e precisam de aprovação unânime para poder passar à fase seguinte, que é o desafio contra um dos quatro cantores que foram escolhidos previamente. O resultado do desafio é decidido pelo voto da plateia no estúdio.

Um problema deste formato é que o programa começa com quatro cantores pré-selecionados. Como foram escolhidos? Quem foram os seus rivais? Como o público não viu este quarteto se apresentar, é obrigado a acreditar que foram os melhores nas audições.

O júri escolhido para a versão brasileira do "The Four" foi formado pela cantora e atriz Aline Wirley, o produtor musical João Marcello Bôscoli e o cantor Leo Chaves. Xuxa Meneghel, hoje um coringa na Record, apresenta o novo programa.

O trio opina e conversa entre eles antes de decidir se o desafiante vai ser aprovado. Mas o anúncio é feito por meio de luzes que brilham no centro do palco – um mero efeito pirotécnico para dar algum suspense ao momento, mas desnecessário.

João Marcello procurou ser o jurado sensato, pé no chão. Leo é um pouco tímido e se expressa com alguma dificuldade ("Seu canto entra", disse para uma candidata). Já Aline, agitada e exageradamente empolgada, pareceu decidida a roubar a cena na estreia. No afã de elogiar todos os participantes, falou mais que os demais jurados e a própria apresentadora.

Na estreia, três candidatos foram aprovados. Dois deles venceram os seus desafios e desalojaram dois cantores que ocupavam o "trono" previamente. Foram os momentos mais divertidos do "The Four". Também não passou sem ser notado que todos os números musicais, com exceção apenas de um, foram cantados em inglês.

Assim como em programas recentes, como "Dancing Brasil" e "Canta Comigo", impressiona em "The Four Brasil" o tamanho e o cuidado da produção da Record. A emissora mostra que está levando a sério a tarefa de encher os olhos do espectador. Mas, no caso deste show de talentos, me pergunto se um programa com menos efeitos, mais básico, não seria mais eficaz.

Abaixo, um momento do programa que ajuda a dar uma ideia do tamanho da produção:

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.