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Por que é preciso urgentemente reduzir a duração das novelas

Mauricio Stycer

02/02/2019 05h01

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Com 156 capítulos, "O Tempo Não Para" foi uma novela bem mais curta que as três anteriores no horário das 19h, mas pareceu interminável e acabou esta semana, como escreveu o crítico Nilson Xavier, melancolicamente.

O que aconteceu? Faltou história e capacidade para desenvolvê-la. Observei no UOL Vê TV que a trama de Mario Teixeira tinha fôlego para ser uma boa série, não uma novela.

A duração das novelas é, cada vez mais, um assunto importante, uma questão, discutida internamente na Globo, a maior produtora do gênero. O colunista Flavio Ricco publicou esta semana que Silvio de Abreu, diretor da área de dramaturgia da emissora, decidiu limitar o número de capítulos dos folhetins.

Segundo ele, "O Sétimo Guardião" terá 161 capítulos, bem menos do que as duas novelas anteriores de Aguinaldo Silva, "Império" (2014-15), que chegou a 203, e "Fina Estampa" (2011-12), que teve 185.

Ainda assim, acho muito. Se terminar mesmo com 161 capítulos, a atual novela das 21h será mais longa do que quatro das 14 novelas desta faixa exibidas nos últimos oito anos: "Em Família" (143 capítulos), "Babilônia" (143), "A Lei do Amor" (155) e "Segundo Sol" (155).

Nos dias atuais, diante do interesse crescente do público por séries, creio que a Globo deveria radicalizar este processo de encurtamento de suas novelas. Sei que é uma questão complicada, porque este é, ainda, um produto caro e que gera mais lucros à medida que a duração é estendida.

A perda geral de audiência na TV aberta, porém, sinaliza que é necessário encontrar alternativas a este modelo antigo e consagrado. Minha sugestão para dar início a uma transição seria estabelecer o limite de 100 capítulos por novela. Desta forma, a Globo produziria três novelas por faixa horária, por ano, ao invés de duas, como faz hoje.

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"O Tempo Não Para" tinha fôlego para ser uma boa série, não uma novela

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.