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Como o velho “Chaves” foi do SBT à Globo passando pelo Multishow

Mauricio Stycer

19/01/2019 05h01

Marcio Vito, Marcelo Adnet e Luana Martau na sátira de "Chaves" exibida pelo "Tá no Ar", na Globo

No final de 2015, em uma entrevista, o ator e comediante Marcelo Adnet me falou do seu sonho de refazer o seriado "Chaves". "A Globo tinha que fazer uma parceria com o SBT, que não tem elenco para isso. A Globo cede os atores e o programa passa nas duas emissoras", disse. Nada disso aconteceu até hoje, mas o veterano "Chaves" não parou de produzir notícias desde então – e acabou na Globo.

Nascido no México na década de 1970, "Chaves" está ar no SBT desde agosto de 1984. Já trocou de horário infinitas vezes nestes 34 anos e já foi tirado do ar em algumas ocasiões, mas mantém um fã-clube fiel e apaixonado. Atualmente, o programa é exibido sete vezes por semana – de segunda a sexta, das 14h às 15, dentro do "Bom Dia & Cia", aos sábados, às 6h da manhã, e aos domingos, às 9h.

Em 2018, o Multishow comprou os direitos de exibição de "Chaves". Para surpresa geral, o canal pago do grupo Globo enxergou no velho seriado potencial para atrair um novo público.

A chegada de "Chaves" à TV por assinatura não foi sem percalços. O Multishow censurou um episódio para não exibir uma piada vista como homofóbica e foi alvo da fúria dos fãs. O canal posteriormente pediu desculpas pela decisão.

Em tempos de "BBB19", para desgosto dos fãs, "Chaves" está sendo exibido tarde da noite no canal pago, em horários variados (com reprise às 18h no dia seguinte) e "Chapolin" passa em seguida, já de madrugada (com reprise às 13h).

Esta semana, "Chaves" fez uma aparição triunfante na Globo. Uma versão satírica do seriado foi tema de um quadro do humorístico "Tá no Ar". Marcelo Adnet, que sonhava recriar o programa, surgiu como um militar autoritário, que manda prender os desocupados moradores da mítica vila mexicana.

Imitando o presidente Jair Bolsonaro, o personagem de Adnet diz: "É isso daí! Eu sou o novo dono dessa vila, Jair. Depois de anos de incompetência e má administração, eu vim resolver essa 'cuestão'. Seu Madruga, melhor já ir pagando os 14 meses de aluguel que você deve", diz, antes de mandar prender o "va-ga-bun-do".

Ainda não é a recriação do "Chaves" tal como Adnet imaginou há três anos, mas o sucesso da paródia indica que caminho para isso acontecer está mais aberto do que nunca.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.