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Aprendiz com influenciadores digitais é garantia, ao menos, de boas risadas

Mauricio Stycer

10/01/2019 17h41


Nove meses depois do acerto inicial com Roberto Justus, dono dos direitos da marca no Brasil, a Band anunciou nesta quinta-feira (10) o retorno de "O Aprendiz" à televisão. O reality começa a ser gravado em 11 de fevereiro e tem previsão de estreia em março. A maior novidade no anúncio foi a informação que o elenco da temporada será formado exclusivamente por "influenciadores digitais".

"Será a maior ligação entre o mundo dos negócios, da TV aberta e o mundo digital e das redes sociais", diz Justus no comunicado divulgado pela Band. "Será muito interessante ver como estes jovens que sonham com visibilidade e fortuna se comportam no mundo dos negócios", acrescentou.

"O Aprendiz" foi exibido no Brasil por dez temporadas, sempre na Record. Justus comandou as primeiras seis edições, entre 2004 e 2009. João Doria, hoje governador de São Paulo, assumiu o comando da atração nos dois anos seguintes. E Justus retornou para mais duas temporadas em 2013 e 14 (não houve programa em 2012).

Conforme noticiou o colunista Flavio Ricco, o acordo entre Justus e a Band para a realização de três temporadas foi assinado em 19 de abril de 2018. Porém, em 24 de setembro, Ricco informou que o entendimento entre as duas partes não havia prosperado e Justus, ainda interessado em levar o programa ao ar, começou a procurar outras emissoras. Em novembro, finalmente, o colunista do UOL informou que estava tudo acertado entre o apresentador e a Band para relançar o reality de negócios em março de 2019.

A decisão de montar um elenco de competidores exclusivamente formado por influenciadores digitais não foi explicada. A Band apenas informou que uma empresa especializada em "marketing de conteúdo e influência digital" está associada à emissora na tarefa de escolher os 18 "influencers" que participarão da disputa. "Os influenciadores serão testados para além dos limites de seus celulares, e seus seguidores terão a chance de acompanhar como eles se viram", diz o diretor José Amâncio.

Na fala do experiente diretor pode estar uma explicação para esta iniciativa: atrair o público das redes sociais para a televisão. Não me parece uma boa ideia. Não há nenhum caso de programa na TV aberta muito bem-sucedido no esforço de trazer audiência com a inclusão de youtubers. Ainda assim, os desencontros e confusões que estes "influenciadores" causarão no "Aprendiz" pode resultar em boa diversão – e muitas risadas – para quem assistir.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.