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“Pais de Primeira” foge do óbvio ao rir das dores e prazeres da paternidade

Mauricio Stycer

25/11/2018 10h53

Uma frase de Antonio Prata dá uma boa ideia do que esperar de "Pais de Primeira", série que a Globo estreia neste domingo (25) à tarde: "Entendo que o humor é rir da tragédia. Você tem que ter esse conflito, o desespero. É diante do desespero que você leva para a comédia ou para o drama", diz o autor.

A comédia trata justamente dos prazeres e das dores de um casal de classe média diante da chegada não muito programada do primeiro filho A julgar pelo episódio de estreia, disponível no serviço de streaming da emissora, faz isso sem exageros, sem buscar o riso fácil, mas com graça, alguma ironia e sabedoria. Parece que vem coisa boa aí.

Taís (Renata Gaspar) é administradora e trabalha numa incubadora de start-ups, enquanto Pedro (George Sauma) é músico e ganha a vida como produtor de jingles comerciais. Ainda que contem com uma rede familiar em volta, o casal precisa se virar – e não está nem um pouco preparado para isso.

A inspiração declarada é o humor agridoce, nem sempre fácil, de séries como "Seinfeld" e "Louie", mas também há, a julgar pelo episódio de estreia, traços de "Mad About You" em "Pais de Primeira".

Renata Gaspar ("Tá no Ar", "Chapa Quente") e George Sauma ("Mister Brau", "Zorra") estão ótimos. Daniel Dantas (Augusto) e Rosa (Marisa Orth) representam os avós paternos, enquanto Heloisa Perrisé (Silvia) e Nelson Freitas (Luis Fernando) interpretam os avós maternos e Monique Alfradique faz Patrícia, irmã de Tais.

Aos 41 anos, Prata assina pela primeira vez como autor titular na Globo, mas já acumula boa experiência na emissora. Foi um dos colaboradores de João Emanuel Carneiro em "Avenida Brasil" (2012) e "A Regra do Jogo" (2015), escreveu alguns dos episódios da ótima "Os Experientes" (2015) e é um dos roteiristas da excelente "Sob Pressão" (2017).

O projeto nasceu, como Prata tem revelado, da sua experiência pessoal, compartilhada pelo amigo e também roteirista Chico Matoso, e do estímulo do também colaborador Thiago Dottori (além deles, Bruna Paixão e Tati Bernardi também assinam a série).

"Pais de Primeira" sucede "A Cara do Pai", uma comédia familiar, criada por Paulo Cursino e Leandro Hassum, que a Globo exibiu nesta mesma faixa no final de 2017 (os três primeiros episódios foram ao ar um ano antes). Foi um projeto atribulado, que incluiu a saída de Cursino antes mesmo da estreia.

"Pais de Primeira" terá uma primeira temporada de seis episódios, mas já conta com a encomenda, pela Globo, de uma segunda, com mais 14 episódios.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.