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Cinco sugestões para salvar “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”

Mauricio Stycer

23/11/2018 05h01


Novidade neste segundo semestre, "Os Melhores Anos de Nossas Vidas" chegou à Globo precedido de notícias de que faz muito sucesso na Itália. O cartão de visitas, infelizmente, não se mostrou garantia de nada – a versão brasileira do formato da Endemol Shine foi uma decepção.

"Os Melhores Anos de Nossas Vidas" aposta na nostalgia do espectador em casa e nos humores dos jovens da plateia. A cada semana, cabe a um grupo de 100 pessoas julgar qual década foi a mais marcante em matéria de música, esportes, tecnologia, programas de TV e acontecimentos variados.

Os problemas do programa são muito visíveis. Abaixo, resumo os cinco principais e ofereço cinco sugestões para aperfeiçoá-lo, caso tenha uma segunda temporada em 2019.

Os problemas começam pelo nome do programa. "Os Melhores Anos de Nossas Vidas" é um título muito longo, que não fixa na cabeça de ninguém. Além disso, não reflete o tema da atração – trata-se de um concurso sobre melhores décadas, não melhores anos. Solução: trocar o nome.

Prosseguem pelo horário. Um game show, pontuado por música e gente animada, naturalmente iria enfrentar dificuldades indo ao ar às 23h15 de uma quinta-feira. Não há quem se anime numa hora dessas. Combinaria muito mais, acredito, com as tardes de sábado ou domingo, por exemplo. Solução: trocar o dia e o horário de exibição.

Continuam com o elenco. Cada década de "Os Melhores Anos de Nossas Vidas" é representada por um artista da Globo, mas eles, em sua maioria, não viveram as épocas que defendem em cena: Marcos Veras (década de 1960), Marco Luque (70), Lúcio Mauro Filho (80), Ingrid Guimarães ( 90) e Rafa Brites (2000). Solução: escolher um time com idades mais variadas, gente de 20 a 70 anos.

A disputa é basicamente entre músicas que marcaram cada década. Mas há também competições aleatórias demais, entre notícias de diferentes épocas, ou competições esportivas ou, ainda, entre objetos. Como o júri é formado por jovens, a tendência é escolherem as referências mais recentes. Solução: mesclar a idade dos jurados.

Lázaro Ramos como apresentador não é uma má opção, mas o ator claramente não está à vontade na função. Talvez seja o texto, que engessa demais o trabalho, ou o temor de arriscar. Usando uma imagem: tenho a impressão que ele precisa tirar o terno. Solução: acho que vale insistir em Lázaro, mas dar carta branca para ele encontrar o seu estilo como apresentador de um game show.

Audiência: Nesta última quinta-feira (22), o programa registrou média de 10 pontos em São Paulo, deixando a Globo em terceiro lugar no Ibope. Veja mais aqui.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.