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Série no Canal Brasil enfrenta tabu e mostra a nudez masculina

Mauricio Stycer

01/10/2018 15h39


Depois de três temporadas mostrando e conversando sobre nudez feminina, tema da série "302", o Canal Brasil está fazendo uma aposta ainda mais ousada, pelos tabus envolvidos, com o lançamento de "502". O programa se propõe a exibir o nu masculino em meio a conversas sobre racismo, masculinidade, virilidade, sexualidade e, inevitável, tamanho do pênis.

A primeira série, lançada em setembro de 2014, desenvolvia um projeto do fotógrafo Jorge Bispo, que registrou imagens de mais de cem mulheres nuas em seu apartamento, então de número 302, e as publicou na internet. Na TV, mulheres comuns se despem para o fotógrafo enquanto falam sobre suas histórias pessoais e enveredam em reflexões sobre aparência, vaidade, beleza e felicidade.

Salta aos olhos na série o cuidado com a exibição da intimidade. Não há nada de chocante nem se vê a busca por ângulos com apelo erótico. A câmera trata a nudez com muita naturalidade e o desnudamento, em alguns casos, acaba sendo não apenas literal como filosófico.

Em "502", número de um outro apartamento em que Bispo morou, homens comuns, não famosos, são convidados a um ritual semelhante ao testado nas três temporadas de "302". Serão exibidos 13 episódios de 13 minutos cada (os dois primeiros estão disponíveis no site do canal).

Um exemplo do que a série busca está na imagem acima, que mostra Bispo conversando com Jivan, um dos personagens. Ex-policial militar, ele é terapeuta corporal e coach de sexualidade. Ele conta, enquanto tira a roupa para as câmeras, que sofria por ser muito magro, quando era jovem, o que fez com que tomasse anabolizantes e malhasse muito. Quando parou, rapidamente voltou ao seu corpo original.

Diferentemente do imaginado, segundo Bispo, fotografar homens ou mulheres sem roupa têm a mesma dificuldade – alguns fazem isso com mais facilidade do que outros. Uma das surpresas da temporada é a participação de um personagem trans. Diante da equipe do programa, ele revela uma história de transição que desafia as próprias expectativas e as do público em geral.

A nova série, baseada no projeto de Bispo, foi desenvolvida por David Butter e Helena de Castro, que também assina a direção.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.