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Ratinho: “Tenho medo do Silvio me mandar embora; onde vou trabalhar?”

Mauricio Stycer

09/09/2018 05h01


Os 20 anos de sucesso e fidelidade de Ratinho ao SBT serão celebrados neste domingo (09) com uma entrevista do apresentador ao programa "Poder em Foco". Por mais de uma hora, ele conta inúmeras histórias sobre a sua vida, analisa a trajetória que percorreu na emissora de Silvio Santos e fala sobre como enxerga a televisão.

Comandado por Debora Bergamasco, o programa contou com a participação dos jornalistas Cristina Padiglione, Leão Lobo e do autor deste blog. Para evitar o risco de violar a legislação eleitoral, um único assunto foi proibido durante a entrevista: a candidatura do filho de Ratinho ao cargo do governador do Paraná.

Destaco alguns trechos da ótima entrevista, gravada no último dia 23 de agosto:

A previsão de Mazzaropi
"Nós fomos num circo em Jandaia do Sul e o Mazzaropi estava fazendo show nesse circo. Ele botou aquele monte de criança para cantar e eu era uma das crianças, mas era o menorzinho. E eu acho que eu era o mais engraçadinho e, segundo meu pai, ele pegou na minha cabeça e falou: 'ó menino, você vai ser artista'."

O maior arrependimento
"Eu me arrependo de ter me metido no sequestro do Zezé Di Camargo e Luciano. Fiquei com medo porque eu conhecia a quadrilha que estava com o irmão deles. Eu tinha certeza que, se eles não pagassem, ia acontecer alguma coisa com o menino. Me meti com medo. Mas era o trabalho da polícia, não era meu, eu estava errado".

A mudança no rumo do programa
"Nós acompanhamos não a mudança da sociedade, mas da comunicação. No primeiro momento eu fazia um programa de sensacionalismo, mas fazia humor também. Agora, vendo que a internet estava dominando o sensacionalismo, resolvi ir para o entretenimento"

Interesse comercial
"Sensacionalismo nunca vendeu para grandes empresas. Acho que o entretenimento vende mais. Eu não me policio. Estou me acostumando a ser um pouquinho politicamente correto, mas não gosto. Falo sensacionalismo para vocês entenderem. Faço programa popular."

Sinceridade
"Procuro ser o mais verdadeiro possível. Porque de vez em quando a gente conta uma mentirinha".

Imagem no espelho
"Não namorei muito na juventude porque era feio".

Lembranças do deputado federal
"Entre vender espetinho de gato na rodoviária, o que eu fiz, e ser deputado de novo, prefiro vender espetinho. Não aprovei nenhum projeto."

Sobre outros apresentadores de TV
"Eu sou um patinho feio no meio dos cisnes."

Sobre Silvio Santos
"Corro dele o máximo que posso. Tenho medo dele me mandar embora. Onde eu vou trabalhar? Record vai me querer? Globo vai me querer? Band? RedeTV!? O Marcelo pega todos os horários pra ele e a mulher dele."

Trabalhar até o fim
"Quero sair daqui em uma cadeira de rodas carregado para o cemitério. Quero morrer na televisão. Televisão pra mim não é trabalho, é um parque de diversões. Se eu pudesse morar no trabalho eu faria uma casa e moraria aqui dentro."

Especial sobre Ratinho no UOL: Apresentador da massa

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.