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Jornalista critica formato de entrevistas do JN: “visão rasa de política”

Mauricio Stycer

30/08/2018 22h07


O formato da série de entrevistas do "Jornal Nacional" com os candidatos à Presidência, exibida entre segunda (27) e quinta-feira (30), desagradou ao jornalista Reinaldo Gottino, apresentador do "Balanço Geral", da Record. Em um comentário no Twitter durante a exibição da entrevista com Marina Silva (Rede), ele observou: "Gente tem jornalista com visão muito rasa de política! Transformando entrevista em debate! Querendo aparecer mais que a notícia!"

Gottino disse ao blog que estava falando na condição de "telespectador", não como um concorrente. "Eu como telespectador posso gostar ou não. Liberdade de expressão!", escreveu no Twitter.

O apresentador lamentou o excesso de interrupções de William Bonner e Renata Vasconcellos, as perguntas muito longas e as avaliações dos entrevistadores. "Nada contra o apresentador e a apresentadora", sublinhou.

Escrevi algo semelhante no blog na terça-feira, ao registrar que Bonner e Renata ocuparam 40% do tempo da entrevista com Ciro Gomes. Repito: como ocorreu em eleições anteriores, o encontro de Ciro com os apresentadores do telejornal teve características mais de debate e confronto de ideias do que de entrevista.

Curiosamente, a entrevista com Marina, a última da série, foi justamente a que os apresentadores falaram menos. Pelas minhas contas, Bonner e Renata usaram cerca de 10 minutos do total, de 27 minutos, deixando a candidata com mais tempo para falar.

Marina reagiu a algumas interrupções dos apresentadores, insistindo em prosseguir com seu raciocínio. "Eu expliquei, mas você parece que continua com dúvidas", disse a candidata a Bonner em um destes momentos que o apresentador tentou mudar de assunto.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.