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“Pegadinha” de Sacha Baron Cohen causa renúncia de deputado nos EUA

Mauricio Stycer

25/07/2018 16h46


Lançado há duas semanas, o programa "Who is America?", criado e protagonizado pelo ator Sacha Baron Cohen, levou um deputado estadual da Georgia (EUA) a anunciar nesta quarta-feira (25) que renunciará ao cargo.

No segundo episódio da atração, exibida aos domingos pelo canal Showtime, o republicano Jason Spencer caiu em uma pegadinha criada pelo comediante e acabou perdendo totalmente a compostura.

Sacha Baron Cohen se fez passar por um militar israelense, especializado em contraterrorismo. O coronel Erran Morad convenceu Spencer que uma série de gestos racistas o ajudaria a se proteger de terroristas. Um dos supostos exercícios consistia em gritar a palavra "nigger", forma ofensiva de se referir aos negros. Em outro exercício, ele convenceu o deputado a abaixar as calças e atacá-lo com a bunda como uma forma de intimidar terroristas (imagem no alto).

O governador da Georgia, o republicano Nathan Deal, condenou a participação de Spencer no programa: "Não há desculpas para esse tipo de comportamento, nunca, e estou triste e enojado com isso."

O deputado disse à publicação "Atlanta Journal Constitution" que foi enganado por Baron Cohen e a produção do "Who is America?". "Eles disseram que eu poderia revisar e ter a aprovação final sobre qualquer gravação usada".

Jason Spencer afirmou que ele e sua família têm medo de ataques desde que propôs uma legislação proibindo o uso de burcas em público por muçulmanos. "Meus medos estavam tão muito intensos na época (da gravação). Eu não estava pensando com clareza nem tinha condições de entender claramente com o que concordei fazer", justificou-se.

Sacha Baron Cohen é mais conhecido pelo personagem Borat Sagdiyev, que encarnou em programas de televisão e no falso documentário "Borat". Outros tipos famosos que criou e interpretou foram o Ali G e o repórter de moda Bruno.

Veja abaixo (em inglês) trechos do programa que levaram à demissão do político

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Do Chico Barney: Como os sucessores de Ivo Holanda ajudam a contar a história do nosso tempo


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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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