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Autor explica “final aberto” de Onde Nascem os Fortes: "uma provocação"

Mauricio Stycer

17/07/2018 11h38

O que aconteceu com Valquíria (Carla Salle)? E com Joana (Maeve Jinkings)? E Rosinete (Débora Bloch)? Qual foi o destino do delegado Plínio (Enrique Diaz) e do juiz Ramiro (Fábio Assunção)? E de Ramirinho (Jesuíta Barbosa), que foi obrigado a apertar do gatilho do revólver que matou Nonato (Marco Pigossi)? E Pedro (Alexandre Nero), não terá que responder pelo crime que cometeu (a morte de Mudinho)?

Essas e outras perguntas ficaram no ar, sem resposta objetiva, no episódio final de "Onde Nascem os Fortes". A supersérie de George Moura e Sérgio Goldenberg, dirigida por José Luiz Villamarin, terminou nesta segunda-feira (16) de forma emocionante, mas sem satisfazer a curiosidade de muitos espectadores.

Ainda no Twitter, assim que o episódio final foi exibido, vários "detetives" notaram furos na conclusão da supersérie. Também recebi mensagens por email de outros espectadores.

O blog procurou um dos autores para falar a respeito. "Nossa ideia foi essa mesma. Um final que o espectador pode também construir", diz George Moura. "A ideia de um final em aberto me agrada como provocação".

Moura cita uma frase que ele diz ter ouvido do cineasta israelense Amos Gitai: "Os bons filmes não são aqueles que começam quando a luz do cinema apaga. Mas aqueles que começam quando a luz acende e você vai para casa com ele dentro de você."

Ainda assim, Moura acredita que algumas cenas exibidas nos últimos capítulos dão conta de explicar o destino de todos os personagens, incluindo as últimas cenas de Valquíria, Joana e Rosinete, nas quais são deixadas pistas. A fala final de Simplício (Lee Taylor), ao ser assassinado por Ramiro, explica o destino do juiz e do delegado: "Eu vou morrer, mas você vai ficar vivo e atormentado".

Moura chama a atenção, no episódio final, para o gesto de Ramirinho, que leva o pai para o hospital. "É uma história de amor, ódio e perdão também", diz. "Uma alternativa ao clima de intolerância e intransigência".

Por fim, o autor esclarece que o "final aberto" de "Onde Nascem os Fortes" não significa que haverá uma continuação. "Não é o truque do cinema americano, prevendo a parte 2. É uma coisa mais profunda."

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

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