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Canal Viva usa lógica da TV aberta para cortar e encurtar “Bebê a Bordo”

Mauricio Stycer

01/05/2018 16h33

Campanha nas redes sociais contra os cortes feitos pelo Viva na novela


A notícia de que o Viva, pela primeira vez, está exibindo de forma editada, e não na íntegra, uma reprise de novela chocou os espectadores. Cortar "Bebê a Bordo", como está sendo feito, é visto pelos maiores fãs como uma espécie de traição. E eles não deixam de ter razão. No ar desde 2010, o canal se tornou uma referência para quem gosta de teledramaturgia.

O Viva, aparentemente, está fazendo cortes motivado por uma lógica que é de TV aberta – a trama de Carlos Lombardi estaria provocando fuga de espectadores.

Ora, como todo canal da TV por assinatura, o Viva, que é da Globosat, é mantido pelos assinantes. Uma parcela do que cada pessoa paga à sua operadora é transferido à dona do canal. Esse modelo não exclui a venda de publicidade, também. Mas nenhum canal pago é, como na TV aberta, dependente exclusivamente de anúncios comerciais.

Acho muito improvável que alguém decida cancelar o seu pacote porque não está gostando da exibição de "Bebê à Bordo". E também não parece lógico imaginar que uma perda de receita com publicidade por causa da reprise de uma novela afete tanto assim a Globosat.

O motivo real deve ser outro. O canal estaria se rendendo a queixas sobre o conteúdo "ousado" da novela de Lombardi – o texto abusado e debochado, repleto de insinuações de caráter sexual. Repito o argumento anterior: alguém vai cancelar o seu pacote de TV paga por isso?

É verdade que o mercado de TV por assinatura vive um momento ruim. O número de assinantes é o mais baixo desde outubro de 2013. Mas daí a querer encerrar de forma mais rápida a exibição de uma novela de 1988 me parece uma decisão muito equivocada.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.